Parlamentares petistas admitem erros na articulação do governo Lula

Plenário da Câmara dos Deputados

Líderes petistas na Câmara dos Deputados reconhecem falhas do governo federal em sua estratégia de articulação política e defendem a necessidade de ajustes

Por Rogério Cirino

Parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT) expressaram descontentamento com a demora no pagamento de emendas parlamentares e na nomeação de indicados para cargos públicos. Essas questões têm gerado insatisfação entre os parlamentares, que esperam uma ação mais eficiente por parte do governo.

Os líderes do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR) e José Guimarães (CE), no entanto, têm sido poupados de críticas por seus colegas. Ambos têm sido elogiados por suas tentativas de buscar consensos, embora nem sempre tenham o apoio necessário do governo.

Zeca Dirceu afirmou que os atrasos na análise da medida provisória para a reestruturação do governo federal ocorreram principalmente por questões políticas e não tanto por divergências em relação ao mérito da proposta. O texto foi aprovado no último dia possível para não perder a validade.

“O governo tem tomado decisões acertadas, mas falta velocidade, abrangência e previsibilidade para os deputados. Isso está claro para mim. O governo decidiu adotar uma postura de diálogo e negociação com o Congresso, sem impor nada”, afirmou Zeca Dirceu.

As queixas dos deputados também se estendem ao envio de projetos de lei, que muitas vezes chegam à Câmara sem que a própria base governista saiba exatamente do que se trata.

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Questionado sobre o motivo dessa falta de sincronia, Zeca Dirceu sugeriu que é necessário fortalecer a função do ministro responsável pela articulação política, no caso, Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais.

As críticas dos deputados são direcionadas principalmente aos ministros Padilha e Rui Costa, da Casa Civil. Alguns membros da Câmara atribuem a Rui Costa a demora na liberação de emendas e na distribuição de cargos no governo federal.

Nos bastidores, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defende que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se declare candidato à reeleição, mesmo que isso não seja possível em 2026, a fim de eliminar possíveis concorrentes internos. Lira acredita que isso poderia evitar disputas entre ministros como Fernando Haddad, Simone Tebet e o próprio Rui Costa.

Após a aprovação da medida provisória de reestruturação, o líder do governo na Câmara, José Guimarães, agradeceu o apoio recebido, mas não deixou de mencionar os problemas enfrentados pelos colegas. Guimarães reconheceu que demandas não foram atendidas e que muitas vezes os ministros fazem os parlamentares esperarem sem dar uma resposta definitiva.

De acordo com um vice-líder petista do governo na Câmara, é necessário não apenas trocar ministros, mas também modificar a abordagem da articulação política. Ele destaca que é preciso reconhecer que há um problema, algo que nem todos os ministros estão dispostos a fazer.

Espera-se que Lula se envolva mais diretamente nas negociações e passe a receber mais bancadas de parlamentares no Planalto. Na última segunda-feira (5), estava previsto um encontro entre o presidente e as principais lideranças da Câmara, mas a reunião foi desmarcada devido a compromissos de viagem de alguns líderes, incluindo o presidente da Câmara, Arthur Lira.

Segundo o vice-líder do governo, esse cancelamento foi um “erro infantil” por parte do Planalto, pois convocar uma reunião em uma segunda-feira à tarde durante um feriado tornou a presença dos líderes incerta.

Quando questionado sobre o motivo de Lula não ter se envolvido mais ativamente, o vice-líder afirmou que o presidente acreditava que estava tudo bem com a relação com a Câmara. Ele também mencionou que as viagens internacionais em prol da política externa podem ter atrapalhado o engajamento de Lula nas questões internas do Congresso.

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