Palestra ocorreu na Universidade de Siena, promovida por faculdade goiana envolvida em escândalo de fake news e indústria farmacêutica
Por Rogério Cirino*
O renomado ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, esteve presente em um evento na Universidade de Siena, na Itália, onde ministrou uma palestra. O evento em questão foi promovido pela Unialfa, uma faculdade sediada em Goiânia, que recentemente foi condenada judicialmente por financiar a disseminação de notícias falsas relacionadas ao chamado “kit covid”, composto por medicamentos como ivermectina e cloroquina. Nesse mesmo processo, a indústria farmacêutica Vitamedic, pertencente ao grupo goiano José Alves, também foi condenada, uma vez que obteve um lucro considerável vendendo ivermectina, alcançando cerca de meio bilhão de reais.
A Unialfa, responsável pela organização do evento, possui dois cursos de Direito e faz parte do grupo empresarial de José Alves, que além da faculdade e da indústria farmacêutica, também atua em outras áreas. Durante a palestra do ministro Alexandre de Moraes, havia um total de 31 palestrantes convidados, sendo 20 deles do Brasil, incluindo 11 provenientes da própria Unialfa.
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É importante ressaltar que a Vitamedic, cujo carro-chefe de vendas foi a ivermectina, encontrou no contexto da pandemia uma oportunidade para impulsionar suas vendas, uma vez que o ex-presidente Jair Bolsonaro promoveu o uso desse medicamento, juntamente com a cloroquina, no tratamento da COVID-19. No ano anterior à pandemia, a empresa já havia vendido R$ 15 milhões em ivermectina, porém, durante o período pandêmico, esse número aumentou quase trinta vezes, chegando próximo a R$ 500 milhões.
Curiosamente, um pouco mais de 15 dias antes da palestra do ministro, tanto a Vitamedic quanto a Unialfa foram condenadas pela Justiça Federal do Rio Grande do Sul por danos morais coletivos à saúde. Essa condenação ocorreu juntamente com um grupo de médicos autointitulados “Médicos pela Vida”, que publicaram um manifesto em defesa do chamado “kit covid”. A Vitamedic e a Unialfa foram identificadas como responsáveis pela publicação desse manifesto, cujo custo foi de R$ 700 mil, e receberam uma multa no valor de R$ 55 milhões.
Devido à relevância desses acontecimentos, o diretor da Vitamedic foi convocado a prestar depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia. Os senadores solicitaram a quebra do sigilo telefônico e fiscal do presidente do grupo, no entanto, esse pedido foi evitado por meio de um mandado de segurança impetrado no Supremo Tribunal Federal.
Confira a matéria do Jornal da Band:
*Com informações do Jornal da Band