Durante apresentação de pesquisa do Inpe, ministra reafirmou que governo buscará desmatamento zero até 2030 e ampliará os investimentos em ciência para o desenvolvimento sustentável da Amazônia
FONTE: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, reiterou nesta quarta-feira (23) o compromisso do governo federal com o desmatamento zero na Amazônia até 2030 e com o fomento à ciência e tecnologia para promover o desenvolvimento sustentável da região.
A ministra participou da apresentação do estudo, liderado por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e publicado na revista Nature, que apontou aumento das emissões de dióxido de carbono na Amazônia entre 2019 e 2020. A pesquisa foi assinada por 30 cientistas, sendo maior parte brasileiros.
“Nós estamos imbuídos desse espírito, utilizando as ferramentas da ciência e da tecnologia, para prover dados e informações sem escamotear a realidade. Aqui, temos compromisso com a verdade. Vamos fazer investimentos nos estudos que que possam nos ajudar a fazer um diagnóstico mais preciso. É por isso que temos a Torre ATTO, o AmazonFACE, o TerraClass, o novo satélite CBERS-6”, afirmou a ministra.
Ela destacou o anúncio de R$ 3,4 bilhões para o programa Mais Amazônia, realizado durante a Cúpula da Amazônia, no início de agosto em Belém (PA). Os recursos serão investidos entre 2024 e 2026 para recuperar e consolidar a infraestrutura de pesquisa, e aperfeiçoar os sistemas de monitoramento da Amazônia, entre outras ações. O programa inclui a iniciativa Pró-Amazônia, dedicada a gerar conhecimento sobre a diversidade biológica e para o desenvolvimento de tecnologias e atividades econômicas inovadoras. “Um pacote de medidas que demonstram o compromisso do nosso governo e do presidente Lula com a sustentabilidade”, disse.
A ministra lembrou ainda o esforço do governo federal para conter o desmatamento na maior floresta tropical do mundo. Houve redução de 42% das áreas sob alertas de desmatamento na região desde o início deste ano. Em julho, foi registrada a queda de 66% na comparação com o mesmo mês do ano passado. “Com vontade política, conseguimos fazer o enfrentamento.”
Área leste da Amazônia emite 8 vezes mais carbono
Durante a apresentação, a cientista Luciana Gatti, do Inpe, destacou que há variações entre as regiões da Amazônia e que isso necessita políticas específicas de ação. Na região leste do bioma, o desmatamento já atingiu cerca de 30% da área, onde as emissões de carbono chegam a ser oito vezes maiores, comparada à área central do bioma.
Segundo a pesquisadora, o oeste da Amazônia estaria mais próximo do ponto de não retorno, quando a floresta não teria mais condições de se regenerar. “Para essa região não basta falar em desmatamento zero. No sudeste da Amazônia, as árvores já morrem mais do que crescem. Mesmo se parar o desmatamento, a condição climática estressante vai continuar a gerar perda florestal”, explicou.
No lado oeste, no qual os pesquisadores registraram aumento nas taxas de desmatamento de 82% em 2019 e 77% em 2020, a incidência de chuvas é historicamente maior. A contenção do desmatamento permitiria a regeneração.