Especialistas e deputados criticam demora na evacuação e apontam falta de preparo diante de ataque
O ataque de um homem-bomba na frente do Supremo Tribunal Federal (STF), na noite de quarta-feira (13/11), evidenciou lacunas graves nos protocolos de segurança dos Três Poderes, menos de dois anos após a invasão de manifestantes antidemocráticos em 8 de janeiro de 2023.
O chaveiro Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiü França, detonou explosivos contra a estátua da Justiça antes de se matar com uma bomba na cabeça. Dois carros com artefatos explosivos também foram encontrados próximos à Esplanada dos Ministérios.
Falhas e críticas ao protocolo
O consultor de segurança Franceildo dos Santos apontou falhas críticas:
- Reação ineficaz de seguranças: “Os agentes ficaram inertes ao invés de isolar o local e abordar o agressor verbalmente”, disse.
- Ausência de medidas preventivas: Não foram utilizados meios não letais, como balas de borracha ou bombas de efeito moral, para neutralizar a ameaça.
Santos também defendeu a criação de uma política nacional de prevenção ao terrorismo, com monitoramento de potenciais ameaças:
“O terrorista circulou livremente e tinha um histórico de postagens de ódio nas redes sociais. Isso poderia ter sido identificado com monitoramento prévio.”
Deputados criticam demora na evacuação
A resposta ao ataque gerou tensão no Congresso. O deputado Sóstenes Cavalcante (PL), 2º vice-presidente da Câmara, demorou cerca de 40 minutos para suspender a sessão plenária, mesmo após explosões próximas.
- Glauber Braga (PSOL-RJ): “Evacuação deveria ser imediata. Por que a votação da PEC foi mantida a qualquer custo?”
- Cabo Gilberto Silva (PL-PB): Defendeu a continuidade, desde que houvesse ordens formais para interromper.
A sessão analisava uma proposta de emenda constitucional sobre imunidade tributária de organizações religiosas, mas a manutenção da votação foi vista como insensível à gravidade do momento.
O episódio expôs fragilidades tanto na segurança preventiva quanto na resposta a crises, com especialistas alertando para a necessidade de medidas mais rigorosas e parlamentares cobrando ações ágeis em situações de risco. O incidente reacende o debate sobre a preparação do Brasil para lidar com ameaças terroristas.