A outra pandemia que será a pior do século

Nosso organismo, nosso código genético, tem como memórias traçadas experiências e adaptações do período Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais, todo um processo evolutivo. Passamos pela Idade Antiga, Média, até chegar na Moderna e, agora, Contemporânea. Nesta última, tivemos uma mudança de chave de forma abrupta com a industrialização e a ascensão da tecnologia. Vamos ao raciocínio dentro de uma lógica: veja quantos milhares de anos para uma adaptação enquanto poucas centenas de anos para uma mudança repentina nos costumes.

Devemos levar em consideração que tudo na vida tem que ser em equilíbrio e que o nosso organismo precisa estar em homeostase, ou seja, permanecer em equilíbrio para o bom funcionamento. Como tudo na vida, sinônimos são significados de similaridade plural, ou seja, significância lógica do equilíbrio. Caso não estejamos em homeostase, sofremos as consequências, como disfunções hormonais, nos neurotransmissores, na microbiota, entre outras.

Para entender mais ainda esta lógica, temos que ter a consciência que existimos para sobreviver e, para isso, nosso organismo trabalha em função desta sobrevivência e permanência na Terra. Isso inclui alimentação, reprodução para permanência da humanidade e todo o necessário para se manter vivo por tempo suficiente para cuidar da próxima geração e depois morrer. É por isso que nosso sistema límbico trabalha em prol da sobrevivência e essa mudança abrupta está causando uma confusão em nosso mecanismo de sobrevivência.

Vida contemporânea

A tecnologia nos deu mais acessos, o que aumentou a nossa ansiedade, esta que existe como fator de supridor de pendências. Sem a ansiedade, não buscaríamos a solução para sobrevivermos ou nos mantermos em equilíbrio. Depois vem a dopamina, neurotransmissor da recompensa — se ela não existisse, não teríamos vontade de conquistar nada, nem mesmo o almoço para nos mantermos vivos, nem a busca do alimento, que hoje em dia vem através do trabalho e não da caça (para a maioria). E temos diversos tipos de outros neurotransmissores que estão relacionados com a vida, que são as razões de quem somos e como somos.

Se aumentamos a ansiedade, buscamos mais conquistas. Com mais delas, as queremos cada vez mais, aumentando mais ainda a ansiedade — até porque a dopamina é viciante e ela pede sempre mais. Isso tudo acarreta diversos fatores que demandariam mais de 100 páginas para serem descritas, mas, para resumir, causam uma disfunção generalizada que nos coloca em estado de transtornos que acarretam doenças mentais.

Uma nova realidade

Sim, já estávamos doentes, mas não percebíamos pois estamos agitando cada vez mais as nossas vidas, buscando cada vez mais doses de dopamina e não percebíamos, já que a rotina esconde a verdade diante do que se tem que fazer no dia seguinte de forma repetitiva. E quando percebemos, culpamos o tempo de passar rápido, quando não reparamos que nós é que não notamos o tempo passar.

A pandemia mudou nossa rotina, fez aumentar os transtornos, nos mostrou o quanto estamos vulneráveis e desacostumados a lidar com a verdadeira vida e revelou o que não percebemos ou não quisemos perceber. Estamos mediante a uma confusão mental pois nosso organismo não está preparado para mudanças que não sejam de forma equilibrada. Revelando assim uma pandemia já existente, acentuada, a da doença da mente, ou melhor, do cérebro.

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Fabiano de Abreu Rodrigues, colunista do Mega Curioso, é Doutor e Mestre em Psicologia da Saúde pela Université Libre des Sciences de l’Homme de Paris; Doutor e Mestre em Ciências da Saúde na área de Psicologia e Neurociência pela Emil Brunner World University; Mestre em psicanálise pelo Instituto e Faculdade Gaio, Unesco; Pós-Graduação em Neuropsicologia pela Cognos de Portugal; Três Pós-Graduações em neurociência; cognitiva, infantil, inteligência artificial, Pós-Graduação em Psicologia Existencial e Antropologia, todas pela Faveni do Brasil; Especialização em Propriedade Elétrica dos Neurônios em Harvard, Neurociência Geral em Harvard; Especialista em Nutrição Clínica pela TrainingHouse de Portugal; Idealismo Filosófico e Visões do Mundo – Universidade Autônoma de Madrid, Introdução à Filosofia da Passagens Escola de Filosofia, História de La Ética pela Universidad Carlos III de Madrid, MBA em Psicologia Positiva – Autorrealização, Propósito e Sentido de Vida – PUC RS.

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