A adesão brasileira à nova Rota da Seda chinesa, negociada por Lula durante sua visita de Estado a Pequim em 2019, ainda está sendo avaliada e divide opiniões na diplomacia.
Por Rogério Cirino
Caso o Brasil decida aderir, seria um gesto político a favor da China, em um momento de rivalidades e tensões exacerbadas com os Estados Unidos, que são o segundo maior parceiro comercial e principal investidor externo no país.
A nova Rota da Seda é um projeto lançado por Xi Jinping em 2013, que consiste na formação de uma grande rede de infraestrutura, conectando os continentes para o escoamento de produtos, passando por diversos modais de transporte, principalmente portos, rodovias e ferrovias. Vizinhos do Brasil, como Argentina e Chile, já fazem parte dos 147 países participantes.
Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, com comércio no ano passado de US$ 150 bilhões. O governo brasileiro quer diversificar a pauta de produtos, atualmente ancorada nas commodities, e atrair mais investimentos chineses em setores estratégicos. O acumulado de investimentos é de cerca de US$ 70 bilhões, e na balança comercial o saldo é favorável ao Brasil, com US$ 61,8 bilhões.
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A adesão do Brasil é um objetivo perseguido pelos chineses, que pressionam pela sua entrada no projeto. Inclusive, integrantes do governo já deram declarações conflitantes sobre a possível adesão. Enquanto o embaixador Eduardo Saboia, secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty, indicou desinteresse do Brasil neste momento, o ex-chanceler Celso Amorim afirmou que não haveria problemas na subscrição do governo brasileiro.
Contraponto
A consequência da adesão do Brasil à nova Rota da Seda é incerta. Diplomatas especializados em China afirmam que a declaração de Amorim é mais um movimento político do ex-chanceler, e os resultados práticos a favor do Brasil e as consequências na relação com Washington são incertos. Para um ex-embaixador brasileiro em Pequim, trata-se de um “gesto político” a favor da China.