A nova nota de R$ 200 já chegou causando polêmica: começando pelo mascote, que muitas pessoas preferiam que fosse outro, até a ilustração estranha do lobo-guará e outros problemas no design da cédula. Além disso, muita gente questionou o porquê da existência de uma nota com esse alto valor: teve quem comentou sobre uma possível volta da temida inflação e muitos dizendo que a cédula de R$ 200 vai servir mesmo para desviar dinheiro sem fazer tanto volume.
Entre todas essas polêmicas, o fato é que um valor nominal de 200 unidades de moeda é troco de pão perto das cédulas mais altas do mundo.
Aqui mesmo no Brasil, durante a época de hiperinflação, nos anos 80 e 90, era comum ter notas de milhares de cruzeiros ou cruzados — o país trocou de moeda várias vezes em poucos anos, já que o dinheiro não parava de desvalorizar. Em 1993, pouco tempo antes da criação do Plano Real, que tirou o país desse ciclo, circulou uma nota de 500 mil cruzeiros. Bastava ter duas dela no bolso para ser, tecnicamente, um milionário…
Com duas dessas, a pessoa já era milionária! (Fonte: UOL/Reprodução)
100 trilhões de… nada
Essa história de criar notas cada vez maiores e trocar de moeda em pouco tempo lembra o nosso vizinho, Venezuela, que também está passando por uma crise de hiperinflação há algum tempo. Qualquer produto lá custa milhões de bolívares e, na prática, a moeda local já não vale quase nada.
Porém, diferente do que muitos podem acreditar, esse não foi o pior caso de inflação da história — o Brasil, então, nem chegou perto. Alguns países já tiveram que imprimir cédulas de 100 trilhões de sua moeda e que, mesmo assim, valiam pouca coisa.
100 trilhões de dinheiros que só serviam de adubo (Fonte: Wikimedia Commons)
Um dos casos mais emblemáticos desse fenômeno é o do Zimbábue: a economia do país entrou numa crise sem fim, depois de algumas cabeçadas do governo autoritário de Robert Mugabe. Com uma inflação incontrolável, o país criou a nota de 100 trilhões de dólares zimbabuanos, em 2008.
Mas, em casos como esse, criar notas com valor nominal maior de nada adianta: vendedores diziam que a nota servia apenas como adubo, segundo conta a rede britânica BBC. Há alguns anos, os zimbabuanos desistiram da própria moeda e passaram a usar o dólar americano ou o rand sul-africano em suas transações.
Quantos zeros!
Outro país também precisou criar notas de 100 trilhões: a Alemanha passou por uma das piores crises econômicas da história, após a Primeira Guerra Mundial. No início dos anos 20, precisou criar notas cada vez maiores do marco, moeda da época, chegando a esse valor absurdo de 100 trilhões em uma única nota.
Mas nada supera o que aconteceu na Hungria depois da Segunda Guerra Mundial. Com uma inflação de 150.000% ao dia (sim!), o pengo não dava mais conta e o governo criou o mil-pengo, que valia um milhão de unidades da moeda antiga. Depois fez o b-pengo, que valia um bilhão de pengos… até chegar à nota de 100 milhões de b-pengo. Sim, 100 milhões de bilhões ou 100 quintilhões de pengo, que valiam pouca coisa.
A nota de 100 milhões de b-pengo (ou 100 quintilhões de pengo) é considerada a maior nota da história (Fonte: Wikimedia Commons)
Essa loucura durou entre 1945 e 1946, quando o pengo foi trocado pelo florim, moeda que o país usa até hoje. Para você ter uma ideia, um florim valia 400 octilhões de pengo (sim, 4×1029, um 4 com 29 zeros atrás), na época da troca.
As notas que realmente valem uma nota
Para terminar esse post, também vamos falar sobre algumas notas que realmente valem bastante dinheiro. Uma delas é a cédula de 500 euros. Ela deixou de ser emitida em 2016 porque era pouco usada no dia a dia, mas atraía muitos criminosos, que podiam movimentar quantias enormes sem encher uma maleta sequer. Na Europa, há ainda a nota de mil francos suíços, que vale cerca de seis mil reais (ou 10 auxílios emergenciais) em 2020.
Se você achar uma dessas, está rico: 10 mil dólares singapurenses valem cerca de R$ 40 mil. (Fonte: InfoMoney/Reprodução)
Contudo, os países asiáticos de Brunei e Singapura ganham dos europeus: eles têm notas de 10 mil de seus dólares. Essas moedas não valem muito menos do que o dólar americano: uma notinha só de 10 mil dólares do Brunei ou de Singapura vale em torno de 40 mil reais. Como essas cédulas tão altas facilitam a vida dos criminosos, Singapura já deixou de emitir papéis de 10 mil dólares. Mas bem que um singapurense podia esquecer uma dessa por aqui, pra gente, né?
FONTE: SITE MEGACURIOSO