Presidente rejeita interferência dos EUA em meio a negociações sobre insumos estratégicos para o setor tecnológico
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou nesta quinta-feira (24) que o Brasil não aceitará interferência estrangeira em suas riquezas naturais, em especial nos chamados minerais críticos. A fala ocorreu durante evento do governo federal na cidade de Minas Novas, em Minas Gerais.
“Temos todo o nosso ouro para proteger. Temos todos os minerais ricos que vocês querem para proteger. E aqui ninguém põe a mão. Este país é do povo brasileiro”, disse Lula, em referência ao interesse crescente dos Estados Unidos nos recursos minerais brasileiros.
A declaração foi feita no contexto de uma série de reuniões entre autoridades brasileiras e representantes do governo dos Estados Unidos. Na quarta-feira (23), o encarregado de Negócios da embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, reuniu-se com integrantes do setor mineral brasileiro em Brasília para discutir cooperação bilateral e as tarifas de 50% impostas por Donald Trump sobre produtos nacionais.
Esse foi o terceiro encontro do tipo em 2025, todos de iniciativa norte-americana. Escobar avaliou positivamente a proposta brasileira de enviar uma comitiva a Washington para tratar diretamente com autoridades e empresas dos EUA. A visita está prevista para ocorrer a partir de setembro.
O foco das negociações está nos minerais críticos — como terras raras, lítio e cobalto — utilizados na produção de baterias, semicondutores e outras tecnologias. Os Estados Unidos tentam reduzir sua dependência da China, que atualmente domina o mercado global desses insumos.
De acordo com a Agência Internacional de Energia, a China concentra mais de 80% da capacidade mundial de produção de células de bateria e mais da metade do processamento de lítio e cobalto. Atualmente, cerca de 70% das exportações minerais brasileiras têm como destino o país asiático.