A cúpula da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) solicitou a autoridades federais e do estado de São Paulo, na última quarta-feira (12), que abram investigações criminais e ações administrativas contra João Pedro Stedile, líder nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), por supostamente anunciar a “iminência de uma onda de crimes no País”.
Por Rogério Cirino
Stedile teria feito tal declaração em um vídeo em que anuncia “mobilizações em todos os estados”, o que a bancada ruralista afirma exigir a avaliação de “prisão preventiva ou utilização de monitoramento por tornozeleira eletrônica”, busca e apreensão na sede do MST e quebras de sigilo.
Veja também:
O MST nega que vá promover “jornadas de invasões”, mas membros do movimento estiveram com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, na última terça-feira (11), e acordaram que apenas ações pontuais devem ocorrer neste mês, praticamente todas na região Nordeste.
A FPA, formada por mais de 340 deputados e senadores, enviou ofícios com pedidos de investigação, providências administrativas e até prisão temporária ou preventiva de Stedile para órgãos como a Procuradoria-Geral da República (PGR), Advocacia-Geral da União (AGU) e Tribunal de Contas da União (TCU), no âmbito federal, e para a Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ) e a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, pois o líder do MST tem residência na capital paulista.
Os integrantes do MST consideram que as falas de Stedile foram distorcidas e manipuladas e afirmam que ele exerceu seu direito de expressão e se referiu a manifestações democráticas a partir do direito de organização, ambos previstos na Constituição.
A cúpula da FPA argumenta que a anunciação de um suposto cometimento de crimes deve ser combatida pelas autoridades do Estado brasileiro, sob pena de o terror e o caos tomarem conta da sociedade brasileira. O movimento dos trabalhadores rurais sem-terra é conhecido por anunciar atos e invasões em série para relembrar o massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 1996, quando 21 integrantes do MST foram mortos após a repressão pela Polícia Militar de uma marcha em direção à capital paraense, Belém, e que ficou conhecido como Abril Vermelho.
Esta é a primeira vez que a FPA toma esse tipo de iniciativa. A bancada é presidida pelo deputado Pedro Lupion (PP-PR).