O Banco Central Europeu (BCE) está elaborando planos de contingência para executar seu programa de compra de títulos de vários trilhões sem o banco central alemão, caso a suprema corte da Alemanha force o principal participante do esquema a deixá-lo, disseram quatro fontes à Reuters.
Fonte: Infomoney, com informações da Reuters
Nesse pior cenário, o BCE iniciaria uma ação legal sem precedentes contra o banco central alemão, seu maior acionista, para levá-lo de volta ao programa, disseram as fontes, que falaram sob condição de anonimato.
O movimento provavelmente marcaria um momento da verdade para o euro, testando o compromisso da Alemanha com a moeda depois de ser o protagonista na sua criação. Também forçaria o país a enfrentar profundas reservas quanto às políticas monetárias do BCE.
Mas funcionários do BCE e dos bancos centrais de países da Zona do Euro estão se preparando para o que uma fonte descreveu como “inacreditável”: um cenário em que a corte proíbe o banco central alemão de participar das compras.
Nesse caso, o BCE — ou menos provavelmente os outros bancos centrais da Zona do Euro — assumirá a cota do Bundesbank no Programa de Compra do Setor Público (PSPP, na sigla em inglês) e comprará títulos alemães, disseram as fontes.
Elas disseram que esses planos ainda não haviam sido finalizados ou oficialmente discutidos pelo Conselho do BCE.
Sem compartilhamento de riscos?
Se outros bancos centrais comprarem títulos alemães, isso infringiria o princípio de “sem risco compartilhado” que o Bundesbank insistiu quando o programa foi lançado em 2015, segundo o qual cada banco central nacional compra títulos de seu próprio governo e o risco é compartilhado sobre o montante limitado de dívida comprada pelo próprio BCE.
O BCE desacelerou as compras de títulos alemães desde o início da pandemia de coronavírus, concentrando seu poder de fogo na Itália, que está sob pressão no mercado de títulos, já que o surto devastou suas já instáveis finanças públicas.
As compras de Bunds pelo Bundesbank totalizaram apenas 628 milhões de euros em abril, ou apenas 2,3% dos títulos do governo comprados sob o PSPP naquele mês.
Mas mesmo que o Bundesbank abandone o esquema, deixar os Bunds de fora não é uma opção, uma vez que eles servem como referência de facto da zona do euro para investidores privados, graças à sua classificação de crédito de primeira linha e ampla disponibilidade.
Além disso, cortar a Alemanha do principal programa de estímulo do BCE provocaria especulação sobre o desmembramento da Zona do Euro, algo que o BCE tenta anular desde a crise do euro de 2010-12.
BSB TIMES