Bill Gates publica suas previsões para o futuro da inteligência artificial; confira

Bill Gates, fundador da Microsoft — Foto: Gian Ehrenzeller/AP

Em blog pessoal, empresário compartilhou como enxerga o papel da IA nos próximos anos

fundador da MicrosoftBill Gates, publicou um longo texto em seu blog pessoal com suas impressões sobre o presente e o futuro da inteligência artificial (IA), refletindo sobre o impacto da tecnologia nas mais diversas áreas da sociedade.

Gates começa o texto mencionando duas demonstrações tecnológicas que o impressionaram. A primeira foi nos anos 1980, com a apresentação gráfica de sistemas operacionais, incluindo o Windows, e como aquilo poderia impactar a forma como a sociedade enxergava a computação, tornando o uso dos computadores mais familiar para o dia a dia.

O segundo momento foi mais recente, com a inteligência artificial e os avanços da OpenAI, empresa que conta com investimento da Microsoft.

Segundo o bilionário, no meio do ano passado, ele propôs um desafio para testar se a IA seria aprovada em um exame avançado de biologia. Ele acreditava que, se a ferramenta fosse capaz de responder questões complexas para as quais não foi especificamente treinada, este seria um verdadeiro avanço.

As dúvidas de Gates duraram pouco meses, com a IA acertando 59 das 60 questões propostas, incluindo perguntas com respostas interpretativas e abertas. A experiência fez o empresário pensar no que a ferramenta pode alcançar no intervalo de cinco a dez anos.

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O primeiro grande avanço pontuado por ele é sobre o aprimoramento da produtividade individual, com a IA servindo como uma espécie de assistente pessoal.

“A assistente pessoal acessará seus e-mails mais recentes, trará detalhes sobre as reuniões que você participou, lerá o que você leu e aquilo que você não quis se incomodar. Essas ações vão melhorar o seu trabalho nos pontos em que você deseja se dedicar e te deixar livre daquilo que você não quer fazer”, resume Gates.

No entanto, mesmo sendo algo viável, o empresário levanta algumas questões que precisam ser aprimoradas, como o compartilhamento de informações pessoais reunidas pela assistente com, por exemplo, seguradoras. “Essas empresas podem questionar seu agente sobre você sem sua permissão? Caso positivo, quantas pessoas vão escolher não usar a ferramenta?”, questiona.

Ele reforça que a demanda por pessoas que auxiliam as demais nunca deixará de existir. No entanto, a qualificação da IA fará com que a produtividade profissional aumente e permitirá que as pessoas se dediquem a outras frentes.

“O avanço da inteligência artificial fará com que pessoas fiquem livres para fazer o que softwares nunca farão: dar aulas, cuidar de pacientes e oferecer apoio aos idosos, por exemplo”.

Com relação aos problemas, Gates alerta para a dificuldade da IA em contextualizar as respostas para as questões feitas por nós ou de oferecer respostas certas para questões matemáticas de raciocínio abstrato.

Outra questão levantada é o uso maléfico da IA, que, segundo Gates, necessita de um trabalho em parceria dos governos e do poder privado para reduzir os riscos.

Em uma entrevista com o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, na qual as perguntas foram feitas por IA, Gates respondeu sobre como ele enxergava o impacto da ferramenta no mercado de trabalho e na economia daqui dez anos.

Na visão do fundador da Microsoft, a inteligência artificial auxiliaria no aumento da eficiência em áreas como saúde e educação, principalmente em países com menor renda.

Em seu blog pessoal, ele elaborou melhor o tema. Com relação à saúde, o empresário acredita que a IA pode ajudar os médicos a focar em tarefas para além do cuidado com documentação e pedidos de seguradoras, por exemplo, e também a atingir um público carente.

“Muitas pessoas de países pobres nunca se consultam com um médico, e a IA pode ajudar os trabalhadores da saúde a serem mais produtivos, auxiliando os pacientes a realizarem uma triagem básica, oferecendo conselhos sobre como lidar com problemas de saúde”, disse.

Com relação à educação, Gates acredita que os computadores ainda não tiveram o impacto esperado no setor. No entanto, softwares guiados por IA podem realizar a revolução esperada, sem retirar o espaço fundamental da relação entre aluno e professor na sala de aula.

“Eu andei ouvindo sobre professores que encontraram maneiras inteligentes de incorporar a tecnologia no trabalho educacional, como permitindo que estudantes usem a tecnologia GPT para criar um primeiro rascunho que precisa ser personalizado na sequência”.

Por Guilherme Lucio da Rocha, para o Valor

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