Brasil nos trilhos: Está precisando viajar? Que tal ir de trem!

Trem de passageiros.

Trem de longa distância, trem diário, trem de fim de semana. Trem que passa por estradas de ferro centenárias, serpenteia a Serra do Mar, corre por planícies pantaneiras, contorna pedaços raros de Mata Atlântica nativa. Não! Não estamos falando de Europa nem qualquer outro lugar.

Viajar de trem pelo Brasil, atualmente, pode parecer algo incomum para a maioria das pessoas. Pois, o que já foi um dos, se não o principal meio de transporte no País hoje vive uma realidade bem diferente.

O “andar de trem” pode parecer algo que soe como uma opção não muito viável para a maioria das pessoas. Isso se deve por causa quantidade de linhas ferroviárias em operações. No entanto, saibam que além das linhas urbanas com seus trens metropolitanos, existem diversas outras opções de transporte sobre trilhos no País. Não só linhas turísticas, com paisagens cênicas e experiências diferenciadas, como em linhas plenamente comerciais com trens diários ligando cidades e conectando Estados.

Dados do Plano Nacional de Viação de 2016 mostram que o país possui 30,6 mil km de ferrovias já implantados e 17,2 mil km em planejamento. Só no ano retrasado, o setor transportou 1,3 milhão de passageiros.

Então, para quem deseja andar de trem além dos limítrofes urbanos, ou quer reviver a nostalgia do passado, listamos aqui as opções existentes no País. Hoje, no Brasil, existem 28 opções de trens de passageiros, entre regulares e turísticos em pleno funcionamento. A variedade de trens é grande e o passageiro pode escolher entre antigas Marias Fumaças ou trens modernos de 1º mundo. Hoje falaremos dos trens regulares diários que temos em funcionamento no País.

Trens regulares ligando dois estados, Trem da Vale

Para quem procura o trem como um meio de transporte moderno e seguro existem algumas opções de trajetos. Duas delas são de longo percurso ligando os estados do Maranhão e Pará, Minas e Espírito Santo. O outro é um trem de médio percurso no Paraná, regional, ligando Curitiba ao litoral paranaense por meio da serra do mar.

O Trem da Estrada de Ferro Vitória Minas (EFVM) é um trem de longo percurso que conecta a capital capixaba à capital mineira. Ele é operado pela Companhia Vale, que tem como um de seus pontos fortes a mineração e o outro a logística. Fundada por Pedro Nolasco no começo do século XX, a ferrovia segue firme e forte ligando os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo.

Mapa do trajeto da EFVM.

São 664km no total, percorridos em 13h de viagem. Este trem faz paradas pelas cidades que margeiam a linha, em ambos os estados. Essa conexão ferroviária existe desde 1907 e em boa parte dela margeia o Rio Doce. São transportados cerca de um milhão de passageiros anualmente. Com essa opção, o viajante passa quase que um dia inteiro envolto em paisagens de importância histórica na região sudeste.

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Interior do carro executivo da Vale.

É importante ressaltar que o trem oferece o mesmo conforto de outros trens modernos existentes ao redor do mundo atualmente.

Todos os dias às 7h, um trem parte de Cariacica, na região metropolitana de Vitória, Espírito Santo, e chega a Belo Horizonte, Minas Gerais, por volta de 20h10. Já no sentido inverso, um trem parte da capital mineira às 7h30 e encerra a viagem às 20h30. Há também um trem adicional que faz o percurso entre Itabira e Nova Era, ambas cidades mineiras. Estes trens atendem 19 cidades ao longo de todo o percurso.

Outro trem de passageiros diário, também operado pela Vale, é o Trem da Estrada de Ferro Carajás. Este que interliga, além de dois estados, duas regiões do País. Este trem conecta o Estado do Maranhão, no Nordeste, ao Estado do Pará, no Norte. Sendo o único trem de passageiros em operação, atualmente, no Brasil que realiza esse feito.

Mapa do trajeto da EFC.

São um total de 892 km, percorridos em 18h. Considerado o mais longo trem de passageiros operacional no país. O passageiro vai percorrer o trajeto da maior mina de minério de ferro a céu aberto do mundo, em Carajás, no sudeste do Pará, tendo como ponto final o Porto de Ponta da Madeira, em São Luís (MA). Este trem opera desde que a linha existe na região e as novas composições estão em atividade desde 2015. O trem transporta cerca de 300 mil passageiros por ano.

Existem dois tipos de classes nos trens da Vale, Classe Executiva e Classe ecônomica. Na executiva os carros são dotados de poltronas reclináveis com apoio para os pés, sistema de som individual, tomada individual no padrão nacional e luz de leitura para cada assento. Já na classe econômica os carros são dotados de poltronas ergonômicas, sistema de som ambiente e tomada individual. Todos os carros são dotados de sistema de entretenimento à bordo com telas espalhadas pelos carros. Há internet wifii disponível nos trens durante todo o trajeto. Tem sistema de ar-condicionado, porta-pacotes para o transporte de baganens de mãos acima dos assentos e porta-malas nas extremidades de cada carro. Cada carro é dotado de sanitários com fraldário. São permitidas uma bagagem de mão mais uma bagagem convencional por passageiro. Ambos os trens possuem carro restaurante e lanchonete, dando assim mais comodidade aos passageiros. Há um carro especialmente preparado para os portadores de necessidades especiais e seu acompanhante.

Carro destinado a portadores de necessidades especiais.

As ferrovias da Vale possuem sistemas de controle monitorados 24 horas por dia, garantindo a segurança das viagens. Os trens oferecem facilidades durante a viagem. As passagens podem ser compradas nas estações ao longo dos trajetos ou on-line por meio do site da Vale.

Trem regional no Paraná

Trem passando pela Serra do Mar.

Quem viaja para Curitiba, no Paraná, tem a possibilidade de fazer um dos passeios de trem mais bonitos do Brasil. O trajeto entre a capital paranaense e a cidade histórica de Morretes corta a Serra do Mar em mais de 70 quilômetros de túneis, paredões de pedra, represas, montanhas, cachoeiras e até pontes tão estreitas que somem sob o trem, que parece flutuar no penhasco. Essa ferrovia é considerada, até hoje, um dos maiores feitos da engenharia mundial.

Automotriz Budd RDC na serra.

Saindo da Estação Rodoferroviária na capital paranaense o trem segue com destino a Morretes, no litoral, pela linha Curitiba – Paranaguá. Além dessa imersão na natureza, passando pela maior área de Mata Atlântica que o Brasil ainda tem, o passageiro aproveita uma viagem pelo Brasil histórico. A ferrovia Paranaguá-Curitiba, foi inaugurada em 1885 pela Princesa Isabel. Já a cidade de Morretes, o destino, preserva muito da arquitetura de sua fundação, que data do ano de 1733.

O trem é operado pela Serra Verde Express em parceria com a Rumo Logística (que é a responsável por tracionar o trem principal). Atualmente existem dois tipos de trens de passageiros nessa linha, sendo um trem convencional com antigos carros de passageiros e um trem composto por automotrizes. Uma dessas automotrizes é um trem super-luxo.

Automotriz Budd RDC de luxo

Atualmente houveram mudanças nos itinerários e trem, que agora possuí menos dias ao longo do ano. Sendo diário, apenas, na alta temporada durante os meses de janeiro, fevereiro, julho e dezembro. Nesses períodos as saídas de Curitiba são sempre às 8h15. Na baixa temporada, de março a junho e de agosto a novembro, as saídas ocorrem no mesmo horário, mas só nos fins de semana e feriados. O trem que retorna para a capital, partindo de Morretes, sempre às 15h.

O trajeto dura cerca de 4h em ambos os sentidos, apesar do percurso ser menos de 200Km de uma cidade a outra. Porém como a velocidade é reduzida e a linha compartilhada com trens cargueiros da Rumo Logística, isso acaba impactando no tempo de viagem. O que por outro lado propicia ao passageiro poder observar melhor as belezas naturais e toda a história dessa linha.

Os carros do trem convencional estão longe de serem o mesmo padrão dos trens da Vale. São carros antigos em aço carbono e na classe econômica não possuem muito conforto.  O trem não é dotado de ar-condicionado e cada carro tem o que popularmente se chamam de varanda, (local onde é feito a travesssia de um carro a outro). Há também um carro panorâmico.

Carro da classe econômica.

Já as automotrizes são veículos ferroviários, modelos Budd RDC, fabricados nos anos 60 e 70, pela norte-americana The Budd Company. São veículos feitos em aço inoxidável e foram comprados, novos, pela extina RFFSA (Rede Ferroviária Federal S/A) para atuarem em trechos litorâneos da região sudeste, onde essa estatal atendia. A extinta FEPASA (Ferrovia Paulista S/A) também teve automotrizes Budd, mas um pouco diferentes destas. A Serra Verde possuí duas composições Budd RDC, sendo que uma delas foi transformada em um trem Super-Luxo. Cada composição Budd possui dois carros, sendo um o carro de tração. São dotadas de poltronas reclináveis.

Interior de um dos Budd RDC.

As passagens desse trem são mais caras do que as dos demais e os trens não tem o mesmo conforto. Mas, a história da linha e a região por onde ela passa fazem compnesar a viagem.

Mais informações sobre essa viagem acesse o site da Serra Verde Express.

No próximo capítulo falaremos das linhas de trens turísticos em operação do Brasil, sendo linhas com trens muito antigos. Vale a pena conferir.

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