O aeroporto de Cabul virou um monstruoso gargalo
Diariamente passam por lá milhares de pessoas que tentam pegar um avião qualquer. O calor é asfixiante. Não há sombra. Nem água, nem comida.
Apesar do pedido da ONU, vários países estão rejeitando receber o povo afegão. Milhares de pessoas se aglomeram às portas do terminal aéreo controlado por soldados dos EUA, na esperança de conseguir deixar o Afeganistão. Só há uma lei para poder partir: a lei do mais forte.
Não há listas, nem nenhum meio de controle numérico, nem ninguém que organize nada. Só existe a sorte de chegar numa hora em que surge uma brecha que permita avançar. Ou ganhar o lugar roubando-o dos outros.
Há muitas pessoas que, carregadas de crianças, chegam pela manhã e vão embora à noite sem conseguirem avançar nada. Outros que desistem porque seus filhos pequenos não aguentam mais de fome, de sede e de cansaço. Nos primeiros dias, segunda e terça-feira, os soldados norte-americanos usavam sinalizadores e foguetes para tentar controlar a multidão, mas o ruído assustava as crianças pequenas, que começavam a chorar.
Desde que o Exército afegão passou a se encarregar do acesso ao portão, ficou ainda pior: utilizam fuzis com balas de verdade, que deixaram vários mortos nos últimos dias.
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