Renan, Otto e Omar articulam saída da CPMI do INSS após menos de uma semana de trabalho
Os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Otto Alencar (PSD-BA) e Omar Aziz (PSD-AM) articulam deixar a CPMI do INSS menos de uma semana após o início dos trabalhos. A movimentação surpreendeu aliados e acendeu alerta no governo Lula, que já enfrenta dificuldades para blindar a base parlamentar diante das investigações.
Segundo apuração da colunista Andreza Matais, a estratégia tem como objetivo evitar o desgaste de atuar em defesa do Planalto. Um dos senadores chegou a ironizar a situação: “O Partido dos Trabalhadores vai ter que trabalhar”. O PT ocupa duas cadeiras na comissão, com os senadores Rogério Carvalho (SE) e Fabiano Contarato (ES).
A eventual saída dos três parlamentares seria simbólica e negativa para o governo, uma vez que se trata de nomes de peso. Renan e Omar foram protagonistas na CPI da Covid, como relator e presidente, e Otto já ocupou posição de destaque em outras investigações no Senado.
O cálculo político leva em conta o calendário eleitoral. Em ano pré-eleitoral, parlamentares evitam se expor em temas sensíveis como denúncias de desvios de recursos da Previdência. Além disso, uma CPI exige presença constante em Brasília e dedicação a oitivas e reuniões semanais, o que retira tempo das agendas políticas nos estados.
O líder do PSD, Omar Aziz, deve reunir a bancada nesta quarta-feira (26/8) para discutir os rumos da participação na comissão. Já Renan comunicou ao líder do MDB, Eduardo Braga (AM), que não pretende assumir protagonismo, justificando que só atuou na CPI da Covid por se tratar de uma emergência sanitária sem precedentes.
Otto Alencar, por sua vez, não recebeu apoio do governo para disputar a presidência da CPMI e deve devolver a derrota com sua ausência. O gesto reforça o recado de insatisfação com a articulação política do Planalto e amplia a pressão para que o PT assuma sozinho o desgaste de defender o governo no colegiado.
