Do Val apresentou cinco versões sobre suposto plano golpista envolvendo Bolsonaro e agora diz que intenção é “ludibriar o inimigo”

Provocação do MBL foi o estopim para que senador Marcos do Val falasse sobre plano de golpe envolvendo Bolsonaro (REUTERS/Amanda Perobelli)

Senador afirmou na sexta-feira que falou em renúncia ao cargo apenas para chamar atenção e que vai pedir que Moraes deixe relatoria de inquérito sobre atos antidemocráticos no STF

Após revelar uma trama golpista envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e contar versões divergentes sobre o caso, o senador Marcos Do Val (Podemos-ES) alegou que fez isso para chamar a atenção e tumultuar a narrativa.

Em dois dias, o parlamentar fabricou ao menos cinco versões diferentes de um plano elaborado no Palácio da Alvorada para impedir a diplomação e posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e agora tenta levantar suspeitas sobre o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Veja também:

Do Val soltou na sexta-feira a mais recente variação da “denúncia”. Disse que tudo o que falou foi de caso pensado, e agiu para “ludibriar o inimigo”. E explicou o motivo: quer pedir o afastamento de Moraes da função de relator de inquérito sobre atos antidemocráticos que tramita no do STF.

Do Val disse que o ex-presidente está sendo comunicado de seus passos e agradeceu o apoio dos filhos parlamentares dele, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a quem chamou de “parceiraços”.

Na madrugada de quinta, o senador publicou a primeira versão da história nas redes sociais. Disse que foi coagido por Bolsonaro a gravar Moraes para obter dele declaração comprometedora que servisse de argumento para anular as eleições e impedir a posse de Lula.

Procurado pelos filhos de Bolsonaro, Do Val deu a segunda versão. Disse a jornalistas que Bolsonaro não tinha bolado o tal plano, e que a ideia foi do então deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). Uma terceira versão foi apresentada em seguida, em entrevista à GloboNews, na qual ele diz que só foi se reunir com o então presidente depois de consultar Moraes. Segundo ele, o ministro o teria aconselhado a ir à reunião “porque todas as informações são importantes”.

A quarta versão ele apresentou à Polícia Federal. Em depoimento na noite de quinta-feira, Do Val alegou que só tinha gravado vídeo relatando coação de Bolsonaro porque estava com raiva de ataques sofridos nas redes sociais de bolsonaristas.

Intenção

Na sexta, o senador apresentou a quinta versão. Alegou que faz uso de técnicas de contrainteligência, dando declarações antagônicas, e disse que mentiu ao declarar que renunciaria ao cargo apenas para chamar atenção. Ele afirmou que sua intenção é tumultuar a narrativa.

— Quem trabalha no setor de inteligência sabe que a gente não faz um histórico de começo, meio e fim. Nós soltamos informações em cada emissora de uma forma exatamente para ludibriar o inimigo. Estou deixando todo mundo tonto, eu solto uma informação para um, uma informação para outra… — afirmou Do Val, que atua na área policial, a seguidores no Instagram.

— Tudo isso é proposital — disse.

Na live, Do Val declarou que “daria start à segunda fase da nossa estratégia”. Em seguida, em entrevista à CNN, anunciou que pediria o afastamento de Moraes da relatoria do inquérito que investiga os atos antidemocráticos.

Por Felipe Frazão, Estadão Conteúdo

website average bounce rate

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui