Na esteira da política externa e do estouro da meta fisca, moeda americana sobe de pregão em pregão
Nesta terça-feira (16/4), o dólar fechou em forte alta de 1,64%, atingindo o valor de R$ 5,26, o que representa o maior patamar em mais de um ano, não registrado desde março de 2023. Este aumento expressivo vem após um movimento ascendente observado no dia anterior, quando a moeda americana teve uma valorização de 1,24%, alcançando R$ 5,18.
Um conjunto de fatores tem contribuído para a valorização do dólar em relação ao real, com três deles se destacando nos últimos dias.
Primeiramente, o aumento das tensões no Oriente Médio, exemplificado pelo recente ataque do Irã a Israel, tem gerado preocupações nos mercados financeiros. O temor reside na possibilidade de um conflito mais intenso, que poderia elevar os preços do petróleo, impactando a inflação global.
Além disso, dados divulgados sobre o desempenho do varejo nos Estados Unidos revelaram um crescimento acima do esperado, indicando uma economia americana robusta. Isso reduz as expectativas de uma queda iminente nas taxas de juros nos EUA, aumentando o interesse por títulos do Tesouro americano e pressionando as moedas de países emergentes, como o real.
Por fim, o governo brasileiro anunciou uma mudança na meta fiscal para 2025, passando de um superávit primário para uma previsão de índice zero, com possível déficit. Essa medida, combinada com a complexa situação fiscal do país, contribui para uma pressão adicional sobre o real frente ao dólar.
Embora o movimento de apreciação do dólar seja generalizado, o Brasil enfrenta desafios específicos devido à sua situação fiscal e à postura do governo em relação aos ajustes necessários, conforme destacado pelo economista Emerson Marçal, da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP).