Dólar acelera perdas após Fed elevar taxa de juros, mas mercado recalcula rota com mensagem do banco central dos EUA
Após exibir forte volatilidade e operar sem direção única, o dólar à vista acelerou as perdas a R$ 5,20 após a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
Conforme esperado, a autoridade monetária elevou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual (p.p.), para a faixa entre 4,75% e 5,00%. Entretanto, uma mensagem do Fed faz o mercado recalcular a rota.
Com isso, a moeda norte-americana encerrou o pregão desta quarta-feira (22) em queda de 0,2% frente ao real, cotada a R$ 5,23 para venda, depois de renovar mínimas a R$ 5,20 ao cair quase 1%.
Já o contrato futuro com vencimento em abril recuou 0,2%, a R$ 5,24. Lá fora, após cair mais de 1% e ao menor nível desde o começo de fevereiro, o Dollar Index (DXY) tinha perdas de 0,9%, aos 102,3 pontos.
Por que o dólar cai tanto?
Para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, o comunicado do Fed “foi bem ponderado, mas se pode afirmar que foi marginalmente ‘dovish’”. “A autoridade [monetária] mostrou-se avessa à inflação e seguiu firme no propósito da estabilidade de preços”, comenta.
O analista de inteligência de mercado da StoneX, Leonel Mattos, reforça que o Federal Reserve mudou o tom de seu comunicado, tirando a referência da necessidade de altas contínuas de juros.
“E apenas mencionando que será necessário algum aperto monetário, de tal forma que o mercado entendeu que o Fed encerrou o ciclo de alta de taxa de juros”, diz Mattos.
Ele acrescenta que investidores estão “recalibrando as posições” em ativos de riscos. Com isso, as principais moedas de países emergentes se valorizam ante o dólar.
Sobre a recente crise bancária que começou nos Estados Unidos, Sanchez, da Ativa, avalia que o tom do Fed também “soou como marginalmente dovish”, com o intenso monitoramento, abrindo espaço para incertezas.
“Entretanto, o banco central verbalizou que a crise resultará na restrição de crédito e pesará sobre a atividade e a inflação”, destaca.
Por Flávya Pereira, Money Times