Mercado reage mal à entrevista do presidente e à expectativa pela decisão do Copom
O dólar apresentou alta nesta terça-feira (18/6), alcançando a marca de R$ 5,44. No entanto, por volta das 9h30, a moeda americana já havia recuado ligeiramente para R$ 5,42. O movimento ocorreu após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fazer críticas contundentes ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante entrevista à rádio CBN.
Lula criticou Campos Neto afirmando que ele “não demonstra capacidade de autonomia, tem lado político e trabalha muito mais para prejudicar do que para ajudar o país”. As declarações ocorrem um dia antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que definirá a nova taxa Selic, atualmente fixada em 10,50%. O governo federal considera essa taxa excessivamente alta.
O dólar vem registrando uma trajetória de alta nos últimos meses, impulsionado por fatores externos e internos. No cenário internacional, a perspectiva de manutenção dos juros elevados nos Estados Unidos torna os investimentos em títulos da dívida americana mais atrativos. Em maio, a moeda americana era cotada a R$ 5,30 e, neste mês, já acumula alta superior a 10%.
Internamente, a economia brasileira enfrenta desafios, especialmente em relação à meta fiscal. O Relatório Focus, uma pesquisa semanal realizada pelo Banco Central com analistas do mercado, mostra constantes revisões para cima nas projeções de inflação, Selic e dólar.
Os investidores também aguardam com expectativa a decisão do Copom sobre a Selic, prevista para esta quarta-feira (19/6). A taxa básica de juros é um dos principais instrumentos de política monetária utilizados para controlar a inflação, e sua definição é crucial para as expectativas do mercado financeiro.
Com a moeda americana em alta e a economia interna sob pressão, as declarações de Lula adicionam incerteza ao ambiente econômico, aumentando a atenção do mercado para os próximos passos do Banco Central.
