Dolar: estudo aponta que 80% da alta é culpa de problemas internos

Economista Livio Ribeiro afirma que não há ataque especulativo contra a moeda brasileira

A alta do dólar nas últimas semanas, que levou a moeda norte-americana a se aproximar dos R$ 5,70, é majoritariamente causada por fatores internos do Brasil. Um estudo econométrico conduzido pelo economista Livio Ribeiro, sócio da BRCG Consultoria e pesquisador associado da FGV/Ibre, revelou que mais de 80% da desvalorização do real no primeiro semestre de 2024 se deve a causas domésticas, contradizendo a ideia de um ataque especulativo.

Segundo Ribeiro, o movimento de depreciação do real é resultado do aumento da percepção de risco do país e não de volatilidade especulativa. O modelo econométrico utilizado considera seis variáveis principais: a cotação diária do dólar, o CDS (risco-país), o índice DXY (dólar contra uma cesta de moedas), o índice CRB (preços de commodities), os juros dos títulos públicos de 10 anos dos EUA, e a diferença de juros entre as taxas americana e brasileira. A análise indicou que os fatores domésticos contribuíram com 82,16% da alta do dólar, enquanto os fatores externos responderam por 26,43%.

O economista também destacou que a pressão sobre o Banco Central para intervir no mercado cambial aumentou, mas que não há justificativa para tal ação, já que o mercado não apresenta disfuncionalidade ou falta de liquidez. Ribeiro aconselhou que o BC mantenha a calma e não reaja precipitadamente. Na mesma linha, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apontou que os ruídos na comunicação do governo, especialmente em relação à autonomia do BC e ao arcabouço fiscal, são os principais responsáveis pela alta do dólar, e que ajustes na comunicação podem ajudar a estabilizar a situação.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui