A cotação do dólar atingiu um recorde histórico de R$ 6,26 nesta quarta-feira, refletindo um cenário econômico interno e externo turbulento. O mercado financeiro segue pressionado, com as principais bolsas em queda, resultado de uma onda de venda de ativos em meio à incerteza econômica global. Internamente, o debate sobre o pacote fiscal e a política monetária coloca ainda mais pressão na economia brasileira.
A taxa Selic, que já está em níveis elevados, caminha para alcançar 17%, uma marca que inviabiliza boa parte dos contratos de empréstimo, freando a atividade econômica. Essa elevação, embora justificada pelo Banco Central como medida para conter a inflação, representa um desafio crítico para o crescimento econômico.
Especialistas apontam que culpar o governo Bolsonaro pelos impactos econômicos atuais é uma narrativa simplista e pouco fundamentada. A desvalorização do real e a alta do dólar também refletem o impacto de fatores externos, como as incertezas sobre as políticas econômicas dos Estados Unidos e a volatilidade gerada por ataques especulativos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não descartou a possibilidade de movimentos especulativos que possam estar exacerbando a instabilidade cambial. Ao mesmo tempo, membros do governo reiteram a importância de aprovar o pacote fiscal para restaurar a confiança do mercado e estabilizar a moeda.
O economista Bruno Fleury argumenta que o aumento da Selic reflete o descompasso entre a expectativa do mercado e as medidas fiscais adotadas. Ele destaca que, enquanto o pacote de contenção de despesas se mostra insuficiente para reduzir o déficit público significativamente, o aumento dos juros prejudica ainda mais a economia real, agravando o cenário de incerteza.