Ex-governador de São Paulo diz que movimentos dentro da cúpula continuam no sentido de tirá-lo da disputa presidencial
R7
Em uma carta enviada ao presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, neste sábado (14), o pré-candidato à Presidência da República pela legenda, João Doria, chamou de “tentativa de golpe” a possibilidade de não ser definido nas convenções como candidato presidencial da sigla. A carta se dá em um momento que o PSDB discute com o MDB e o Cidadania uma candidatura única, tendo acordado que o nome a ser lançado pela terceira via será o melhor posicionado nas pesquisas.
Ao longo da carta, assinada também pelo advogado Arthur Rollo, Doria frisa que foi escolhido nas prévias partidárias por 53,9% dos 30 mil filiados. “Solicitamos que você respeite o estatuto do PSDB e a vontade democraticamente manifestada pela ampla maioria do nosso partido”, frisou.
O documento enviado a Araújo tem sete páginas, e nele Doria afirma que antes mesmo das prévias, havia uma movimentação da cúpula partidária contra o seu nome, e que ainda com todos os obstáculos, conseguiu vencer e foi o nome escolhido pela maioria dos tucanos.
“Qual não foi nossa surpresa ao saber que, apesar de termos vencido legitimamente as prévias, as tentativas de golpe continuaram acontecendo. As desculpas para isso são as mais estapafúrdias, como, por exemplo, a de que estaríamos mal colocados nas pesquisas de opinião pública e com altos índices de rejeição, cinco meses antes do pleito”, afirmou.
Doria frisou que pesquisa de opinião não pode servir de guia único para o voto do eleitor ou para guiar o destino do partido. O tucano ressaltou que a única pesquisa necessária foi a realizada nas prévias, ao ouvir os filiados, que optaram por uma candidatura própria do partido à Presidência da República e o escolheram para a disputa.
Ele cita que um dos fundamentos do estatuto do PSDB define que as prévias são uma pesquisa de opinião interna que serve para orientação, e que a convenção “tem natureza meramente homologatória”.
O ex-governador lembrou de uma carta de Bruno Araújo, de 31 de março, na qual o dirigente do PSDB afirmou que Doria era o escolhido para disputar a Presidência pela sigla. Segundo Doria, a carta deu a segurança necessária para que ele renunciasse ao mandato de governador para disputar a cadeira do Palácio do Planalto.
“Desde então, nada se alterou no cenário político nacional que justificasse tamanha mudança de posicionamento da sua parte. A cada semana, suas movimentações políticas, enquanto presidente nacional do PSDB, mudam, o que cria insegurança jurídica para os filiados”, frisou.
Ao R7, o advogado Arthur Rollo disse que a carta foi enviada diante do risco de ofensa ao estatuto do PSDB. “O artigo 152 do estatuto diz que as convenções são homologatórias. A ideia é evitar uma movimentação contrária ao estatuto por parte da Executiva nacional, que não tem poderes para modificar, alterar ou cancelar as prévias legitimamente convocadas e realizadas nos termos legais. O estatuto do PSDB diz que quando tem prévia, a prévia vai ser homologada nas convenções. O que a gente quer é que o estatuto seja seguido pela cúpula partidária”, afirmou.