Em dia de cautela, Ibovespa se afasta dos 100 mil pontos; dólar passa a recuar

O mercado vem demonstrando pouco apetite a risco nesta terça-feira (7). Bolsas asiáticas e europeias vão operando sem direção definida, com os investidores temerosos em relação ao coronavírus.

No Brasil, existe também uma expectativa em relação à saúde do presidente Jair Bolsonaro. O mandatário apresentou sintomas da Covid-19.

Às 10h12, o dólar recuava 0,16%, a R$ 5,3486. A moeda americana chegou a avançar ante o real no início da sessão.

O Ibovespa, nos primeiros negócios do dia, recuava 0,43% a 98.337 pontos, após se aproximar dos 100 mil pontos na segunda-feira (6). CVC Brasil era o papel que performava pior, recuando 4,18%.

As frigórificas, por outro lado, recuperavam-se das quedas do último pregão, com Marfrig, Minerva e JBS subindo mais de 2%.

Histórico

Dólar

Durante a sessão de segunda-feira (6), a cotação do dólar oscilou entre baixa de 1,09%, para R$ 5,2626, e alta de 0,70%, a R$ 5,358.

A moeda norte-americana subiu apesar de o dia ter sido positivo nos mercados externos, embalados por otimismo com dados na China e nos Estados Unidos. Investidores buscaram proteção na moeda dos EUA diante do menor custo de hedge no mercado doméstico.

Operadores voltaram a citar o trade “compra de bolsa/compra de dólar”, que deu a tônica em vários meses recentemente, já que o hedge via câmbio está mais barato com a Selic nas mínimas históricas.

O juro baixo é visto como suporte à recuperação da atividade econômica, mas por outro lado torna o real uma moeda menos atrativa em relação a seus pares. A melhora da economia poderia fortalecer o balanço das empresas, elevando os preços das ações, mas o juro nas mínimas manteria o real sob pressão, especialmente diante do aumento de preocupações fiscais.

Pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta segunda mostrou estimativa de contração de 6,50% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Contudo, houve ligeira melhora em relação à taxa de -6,54% da semana passada. Ainda de acordo com a sondagem, o mercado espera dólar de 5,20 reais ao fim de 2020, pela mediana das projeções.

Na semana passada, o Itaú Unibanco piorou a estimativa para os déficits primários no Brasil em 2020 e 2021, citando despesas com auxílio emergencial neste ano e aumento de gastos sociais no ano que vem. O Itaú vê o dólar a R$ 5,75 ao fim de 2020.

Mas mesmo o cenário para a economia, a despeito de dados recentes acima do esperado, segue turvo, por causa da pandemia.

Alguns elementos sugerem que o Brasil pode estar embarcando em um processo prematuro de abertura, aumentando os riscos de que o controle do surto de Covid-19 acabe demorando mais tempo. Isso implica riscos de queda para nossas previsões fiscais/de crescimento”, disseram analistas do Citi em nota.

Uma economia mais fraca pressionaria os juros para baixo e desestimularia ingresso de capitais ao país, combinação que joga contra a taxa de câmbio.

Em nota, o Goldman Sachs disse estar “bullish” (otimista) com o peso mexicano na América Latina — e não citou o real. O peso mexicano subia 0,2% nesta sessão.

Na véspera, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a falar sobre o combo juro baixo/câmbio desvalorizado como nova realidade para a economia brasileira.

Bolsa

O Ibovespa fechou no maior patamar em quatro meses, em meio a perspectivas positivas de recuperação econômica pós-Covid-19 e com intenso noticiário corporativo no país.

Na visão de analistas da Mirae Asset, mercados no exterior abriram a semana sustentados por expectativas otimistas da recuperação da economia global. “O mundo está olhando para a China, que responde com boa retomada econômica e aparente sucesso em conter o Covid-19”, afirmaram em nota a clientes.

Em Wall Street, o S&P 500 fechou em alta de 1,59%, favorecido ainda por dados melhores do que o esperado sobre o setor de serviços norte-americano, que ajudou a ofuscar nova onda de casos de coronavírus nos Estados Unidos.

Do cenário brasileiro, também repercutiram comentários do ministro da Economia, Paulo Guedes, do domingo, de que o governo fará quatro grandes privatizações em até 90 dias e que a reforma tributária deve ser aprovada ainda em 2020. 

Para a casa de pesquisa e análise Eleven, o Ibovespa está em uma zona de congestão, com uma rotação entre setores.

“A temporada de divulgação de resultados do segundo trimestre, que se inicia neste mês, deve trazer à tona uma dolorosa verdade, do difícil momento que diversos setores e empresas estão vivenciando. Resta saber o quanto das más notícias no curto prazo já estão precificadas”, afirmou.

O mercado de capitais brasileiro voltou à atividade com toda força no segundo trimestre e as ofertas de ações de empresas domésticas já cresceram 10% no primeiro semestre, segundo dados da Refinitiv.  

Com o desempenho desta sessão, o analista Fernando Góes, da Clear Corretora, destacou que, embora a marca dos 100 mil pontos tenha um efeito psicológico grande, “graficamente começamos a olhar para os 105/107 mil pontos, que deve ser o novo alvo”.

A última vez em que o Ibovespa fechou acima dos 100 mil pontos foi em 5 de março.

Fonte: CNN Brasil

Reprodução: BSB TIMES

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