Exportadores temem retaliação, e mercado financeiro projeta efeitos negativos caso Brasil reaja com medidas duras
Setores econômicos afetados pela tarifa de 50% imposta por Donald Trump aos produtos brasileiros pedem cautela na resposta do governo federal. Representantes de indústrias como celulose, café, petróleo e suco de laranja acompanham as movimentações diplomáticas e defendem que a escalada do conflito comercial seja evitada.
A principal preocupação do empresariado é que uma retaliação brasileira mais incisiva resulte em um contra-ataque dos Estados Unidos, com aumento da tarifa para até 70% ou 100%. O histórico do governo Trump em medidas duras contra países que reagem com força reforça essa possibilidade. A falta de diálogo direto entre os chanceleres dos dois países contribui para o impasse diplomático.
Segundo economistas ouvidos pela CNN, uma resposta do Brasil pode gerar volatilidade no dólar, aumento da inflação e queda na bolsa de valores. O dólar, que estava cotado a R$ 5,40 no dia 3 de julho, subiu para R$ 5,54 após o anúncio da tarifa. O economista Felipe Salto aponta que os efeitos sobre a indústria e o agronegócio também podem afetar o emprego e a oferta interna.
Pedro Moreira, da One Investimentos, afirma que produtos de tecnologia e itens importados devem ficar mais caros com uma retaliação, o que impactaria o consumo e a lucratividade das empresas. Isso poderia piorar o desempenho de companhias na bolsa e reduzir o apetite de investidores.
O operador Patrick Buss, da Manchester Investimentos, alerta que uma reação brasileira pode elevar o risco-país, afastar investidores estrangeiros e aumentar o custo de financiamento das empresas. Para ele, o efeito em cadeia no cenário macroeconômico pode ser amplo, mesmo se a resposta brasileira for restrita às importações.
O professor Leonardo Trevisan, da ESPM, avalia que a decisão de Trump pode acelerar a aproximação comercial do Brasil com a China e a União Europeia. Segundo ele, “quanto mais os Estados Unidos colocarem pressões contra o Brasil, mais a América Latina como um todo se aproximará da China”, afirmou. A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), em nota, também defendeu uma posição conciliadora e disse que a tarifa prejudica as economias de ambos os países.






