Ensopado perpétuo: as sopas centenárias que ainda são seguras para comer

FONTE: MEGA CURIOSO

Você é do tipo que sempre olha a data de validade dos alimentos? Ou é daqueles que não se importam de comer algo que venceu há alguns dias? De qualquer forma, é bem provável que você nunca tenha comido um alimento mais antigo do que você… Um alimento com 50, 70 ou até centenas de anos. Mas eles existem — e podem ser comidos com toda segurança.

Estamos falando do ensopado perpétuo. Trata-se de uma sopa que continua sendo servida por anos e anos, na mesma panela — e as pessoas continuam consumindo, sem problemas.

A tradição do ensopado perpétuo vem da Idade Média, quando ele era bastante consumido nas tavernas, mas permanece até hoje. É comum utilizar raízes (como cenouras e beterrabas), tubérculos (como batata e inhame), além de diversos tipos de carnes. E como o ensopado fica no fogão por muito tempo — anos ou até décadas —, as pessoas dizem que os ingredientes se misturam e a sopa fica muito saborosa.

Mas como ela é preparada para durar tanto tempo? O segredo é que, na verdade, você não vai comer um pedaço de carne ou batata de anos atrás. Todos os dias, o ensopado é consumido e o nível da panela baixa. Então, no dia seguinte, os cozinheiros completam a receita com novos ingredientes e mais água — mas sem preparar uma nova sopa “do zero”.

Por isso, o ensopado é perpétuo. A panela nunca é lavada. Porém, os ingredientes são sempre novos. Além disso, a mistura é fervida a altas temperaturas, para matar qualquer bactéria, e as sobras de um dia para outro são muito bem conservadas.

Dessa maneira, uma mesma panela de sopa pode ser servida por anos e anos. O restaurante Wattana Panich, em Bangkok, requenta seu ensopado perpétuo há 49 anos.

Em Tóquio, o restaurante Otafuku mantém seu ensopado por ainda mais tempo: desde 1945. E a sopa só não é mais antiga — de 1916, data de abertura do restaurante — porque sua primeira receita se perdeu na Segunda Guerra Mundial. Há ainda uma lenda, também ligada à Segunda Guerra, de que uma panela de ensopado perpétuo requentada desde o século XV foi perdida nesse conflito.

“A sopa de Teseu”

Considerando que a panela sempre recebe novos ingredientes e nenhum ingrediente vai ficar na panela por muitos dias, o ensopado perpétuo é frequentemente associado ao paradoxo do Navio de Teseu.

Em resumo, o paradoxo fala sobre um navio cujas madeiras apodrecem com o tempo e são substituídas, uma por uma. Então, quando todas as tábuas são substituídas, aquele continua sendo o navio de Teseu?

Há quem diga que sim, e quem diga que não. Mesmo assim, a tradição gera curiosidade — e considerando que os restaurantes que servem continuam recebendo visitas, a sopa deve ser mesmo boa. E você, teria coragem de provar uma sopa de 1945?
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