A pouco mais de 3 km do Gama, localidade sofre com precariedade na prestação de serviços públicos, mas em audiência, governo se comprometeu a viabilizar atendimento
“Nós estamos numa briga ‘nem-nem’. Vocês não são nem Distrito Federal e nem Goiás e ninguém assume a responsabilidade”. É o que constatou a deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania) sobre o loteamento Eldorado. A Câmara Legislativa promoveu, nesta terça-feira (8), uma audiência pública, por iniciativa da parlamentar, para discutir a situação da localidade, na divisa entre as duas Unidades da Federação – DF e GO.
A região fica a cerca de 3 km do Gama, mas é oficialmente ligada ao município de Santo Antônio do Descoberto, distante 36 km. A falta de clareza sobre o marco divisório das duas Unidades da Federação dificulta a prestação de serviços à comunidade, a exemplo do transporte escolar. Mesmo assim, durante a audiência, o GDF se comprometeu a estudar soluções para atender à comunidade com os serviços básicos de saúde, educação, transporte e segurança.
A diretora da Associação Desenvolve Alagados Jossiane Lima diz que boa parte dos alunos estuda no Gama e precisa percorrer, a pé, a estrada que dá acesso à cidade. “Só eu sei o que é sair do colégio com fome e a gente ter que vir a pé e comer algo depois dessa caminhada. As crianças precisam pegar carona, correndo risco de sofrer abuso. A gente precisa dar essa dignidade do ônibus para esses estudantes que estão sofrendo“, cobrou Jossiane.
A pista à qual ela se refere é a VC-385 (estrada Vicinal), que não é asfaltada. Luiz Maurício, morador da região, é cadeirante e questionou as autoridades sobre quando ocorrerá melhorias na via. Ele destaca que uma pista próxima, a VC-383, está em obras. “A gente quer saber se, depois que concluir o asfalto do Serra Dourada, nós seremos os próximos contemplados”, questionou.
Gedeon Pereira Gomes, presidente da associação Desenvolve Alagados, apontou a falta de ônibus na localidade como uma grande demanda dos moradores da região. Ele cobrou linhas de transporte urbano. “Existe um povo que vai trabalhar no Lago Sul, mas nós precisamos de transporte e nós ficamos a pé”, salientou o líder comunitário.
A falta de assistência na área da saúde também é um ponto que afeta a população de Eldorado, como afirmou Lucimar Rodrigues, agente comunitária de saúde do Gama. Ela denunciou que há uma orientação de recusar atendimento a quem não é morador do Gama. “A gente fica de coração partido, porque vêm muitas mães, crianças que precisam um auxílio”, lamentou a profissional.
Compromissos
A deputada Paula Belmonte se comprometeu a conversar com diversas autoridades em busca de soluções para a região. Entre elas, a prefeita eleita de Santo Antônio do Descoberto, Jessica do Premium (União Brasil).
Outra agenda anunciada pela distrital, com a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, discutirá acesso da população a escolas da região. A parlamentar até solicitou uma lista com os nomes dos estudantes para levar à gestora para tentar resolver o acesso ao transporte escolar. “É inadmissível que estejamos em outubro e a questão do transporte escolar não esteja resolvida”, afirmou Paula.
A distrital se comprometeu a procurar soluções e dar satisfação à comunidade. Assegurou que vai contribuir com recursos de emendas parlamentares, que vai cobrar todas as autoridades envolvidas com as demandas dos moradores da região. “Vamos lutar com muita transparência e responsabilidade, mas não posso deixar de dizer que quem está vindo aqui é a Câmara Legislativo do DF, que está próxima da população, com a função de legislar e fiscalizar”, destacou.
Presente na audiência, a administradora do Gama, Joseane Feitosa, disse que já havia solicitado asfaltamento na VC-385. No entanto, ela destaca que há dificuldade em atender à grande área rural. “A gente não consegue fazer tudo de uma vez. A gente começa lá no Casa Grande, Ponte Alta Norte, a DF-180, toda a DF-290 até o Engenho das Lajes. Então, o Estado, em um só dia, não consegue estar em todos os lugares”, aponta Joseane.
Estrada
Jarbas Silva, diretor do 3º Distrito do Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF), diz que “não vê dificuldade” em realizar o serviço de asfaltamento. Ele destacou a necessidade de, aportes financeiros para realizar o projeto, orçado em R$ 350 mil, e realizar a obra, estimada em R$ 10 milhões. “A gente já tem demandas da população, da administração e um ofício da deputada Paula para a gente se posicionar em relação a essa pavimentação”, explicou Jarbas.
Representantes do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), da Polícia Militar do DF e da Secretaria de Segurança Pública, também se comprometeram a manter o atendimento na região, mas reconheceram desafios na prestação do serviço, como a localização do loteamento, na divisa entre Gama e Goiás. Mas, também sugeriram que a questão do convênio entre as duas cidades seja revisto.
Com relação a essas soluções, a deputada também se comprometeu a ajudar para que sejam viabilizadas, inclusive destinando recursos de emendas parlamentares para a realização do projeto que viabilizará a pavimentação da estrada que dá acesso ao loteamento.
