Band tem em Reginaldo Leme carro-chefe para fazer transmissão mais técnica da Fórmula 1
O fim da ‘era Globo’ nas transmissões da Fórmula 1 culmina com a abertura de um novo mercado na Band, que será a detentora dos direitos televisivos da categoria pelos próximos dois anos. Tendo Reginaldo Leme como principal nome desta nova incursão no Mundial, a emissora paulista tem a oportunidade de ouro de fazer um trabalho que possa tratar melhor o produto que vai ter nas mãos
Foram 40 anos ininterruptos com a Globo com a posse da Fórmula 1 no Brasil. De 1981 para cá, a emissora carioca foi quem passou diversos momentos marcantes da categoria máxima do automobilismo mundial. Títulos de nomes como Ayrton Senna, Michael Schumacher e Lewis Hamilton, foram todos contados pela televisão do grupo Marinho. Em 2021, porém, a F1 vai para uma nova casa. Ou melhor, nem tão nova.
Trata-se da Band, que volta a ser a detentora dos direitos da categoria. Em 1980, a emissora paulista foi a primeira a transmitir ao vivo e na íntegra uma temporada completa do Mundial. A partir do ano seguinte, só deu Globo. E, em quase todo o tempo da ‘Era Globo’, lá estava Reginaldo Leme, que encerrou o vínculo com o canal no final de 2019.
É justamente Reginaldo o grande carro-chefe da Band. Contratado no final de 2020 para comentar a Stock Car, o veterano jornalista volta a ser uma das vozes da F1 em 2021. Com toda bagagem e experiência, é ele quem vai poder dar peso à novidade. Com Leme, o canal vai ter nas mãos a oportunidade de investir em uma cobertura mais técnica e caprichada do campeonato.
Em linhas gerais, a transmissão da Indy que o grupo faz, através do BandSports, pode ser uma inspiração em termos de conteúdo. Nos últimos anos, optou-se por um estilo até mais didático, que já acontecia com Felipe Giaffone, que esteve na equipe da Globo em 2019 e 2020, nos comentários. O adicional, porém, é justamente o que Reginaldo pode oferecer: mais ritmo e uma facilidade enorme para se comunicar de alguém com tantos anos de televisão.
Fora o conteúdo em si, outra chance de ouro que a Band recebe é a de aumentar o interesse no produto de uma forma direta: com mais tempo de transmissão. Talvez a maior crítica dos fãs de F1 nos anos de Globo fosse o tempo apertado que a categoria tinha na grade. Além da classificação realocada ao canal pago SporTV, que já transmitia os treinos livres, a emissora passou a cortar a exibição da cerimônia do pódio, bem como nunca investiu de fato em um pré ou um pós-corrida mais duradouros, com exceção feita ao GP do Brasil.
Com Reginaldo, a Band pode investir em uma mescla de informações, opinião e histórias, montar um pré-corrida que realmente adicione algo, que faça o telespectador entender a categoria e se animar para as provas que virão. No pós, o pódio é o mínimo, com entrevistas e análises surgindo como opções interessantes e viáveis em uma grade menos engessada.
A adição da F1 na grade da Band vem na esteira do processo de retomada do canal que era conhecido como o ‘Canal do Esporte’. O ‘Show do Esporte’, atração de enorme sucesso nos anos 80 e 90, voltou, com a aquisição de uma série de campeonatos de futebol e modalidades, como a NBA. No esporte a motor, a Indy, a Stock Car e a Copa Truck também estão por lá.
Apesar da quantidade grande de conteúdo para ocupar manhãs, tarde e noite de domingo, a maior parte das atrações pode ter seus horários modificados para que a F1 tenha o devido espaço e destaque. O futebol feminino, por exemplo, já teve espaço no fim da manhã, durante a tarde e até na noite de domingo, como foi no caso da final do Brasileirão 2020 entre Corinthians e Avaí/Kindermann. O Campeonato Italiano oferece à emissora um jogo por rodada, ou seja, é a Band quem decide quando irá passar. Stock Car e Copa Truck também devem seguir correndo em horários diferentes dos da F1, como foi nos anos de Globo e SporTV.
A grande dúvida que surge no momento é em relação ao parceiro de Reginaldo Leme. Afinal, quem irá narrar a F1? Na semana passada, a Band confirmou Leme ao lado de Luc Monteiro na temporada da Stock Car, o que naturalmente faz do narrador paranaense uma das opções para a vaga. Além dele, nomes como os de Oliveira Andrade, Celso Miranda e Ivan Bruno também devem aparecer na jogada.
Não é fácil substituir a Globo, de tantos momentos marcantes na F1 e de 40 anos, em geral, bastante competentes de cobertura com inúmeros nomes importantes do jornalismo e do automobilismo, mas a Band tem tudo para dar conta do recado. O segredo está na boa escolha de um parceiro para Reginaldo Leme e de aproveitar a experiência com bastante conteúdo em uma grade mais flexível.