General Dutra sobre acampamentos no QG do Exército: ninguém disse que era ilegal

Imagem: CLDF/TV Câmara Distrital

No depoimento à CPI, general Dutra destaca atuação estratégica do ex-presidente e evita confronto violento com manifestantes

Por Rogério Crino

Brasília, 18 de maio de 2023 – O general Gustavo Henrique Dutra, responsável pelo comando das ações do Exército no dia 8 de janeiro, durante os ataques às sedes dos Três Poderes, surpreendeu ao expressar sua admiração pela inteligência emocional do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do Distrito Federal, nesta quinta-feira (18), o general pontuou que Lula demonstrou capacidade de lidar com a situação de forma ponderada.

Segundo Dutra, o elogio foi resultado das ordens recebidas do presidente Lula após os atos criminosos, quando foi instruído a prender as pessoas acampadas em frente ao Quartel-General do Exército. O general relatou que o presidente solicitou a prisão dos manifestantes, mas Dutra ressaltou a necessidade de evitar um confronto violento e derramamento de sangue.

“Ele [Lula] falou: ‘general, são criminosos, tem que ser todos presos’. [Respondi:] presidente, estamos todos no mesmo passo, estamos todos indignados, iguais, serão presos. Só que, até agora, nós só estamos lamentando dano ao patrimônio. Se nós entrarmos, agora, sem planejamento, podemos terminar essa noite com sangue”, relatou o general.

Dutra destacou que o presidente compreendeu a observação e decidiu aguardar o dia seguinte para que as ações fossem realizadas com planejamento adequado. “Ele [Lula], na mesma hora, falou: ‘seria uma tragédia’. E falou assim: ‘general, isola a praça [em frente ao QG] e prende todo mundo amanhã'”, contou o general.

Consequentemente, cerca de duas mil pessoas foram presas no dia seguinte, e um inquérito foi aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar os ocorridos.

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Além disso, o general Dutra também abordou a questão da segurança do Palácio do Planalto no dia dos atos criminosos. Ele explicou que, embora comandasse as tropas, a responsabilidade de comando recaía sobre o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República. Segundo o general, até o meio-dia do dia 8 de janeiro, o GSI não havia identificado a necessidade de reforço na equipe de segurança. Somente após esse horário, foram deslocados 36 agentes adicionais para proteger o Palácio do Planalto.

O depoimento do general Dutra à CPI também revelou a tentativa dos militares de desmobilizar o acampamento que se formou em frente ao Quartel-General do Exército. O general esclareceu que o acampamento não era considerado ilegal, mas medidas de restrição foram intensificadas visando à desmotivação dos manifestantes. Em dezembro, após a diplomação do presidente Lula, o acampamento começou a diminuir gradualmente, o que foi aproveitado pelas forças militares para implementar medidas de controle.

Essa manifestação reunia pessoas que pediam intervenção militar e golpe de Estado, sendo que muitos dos participantes foram posteriormente presos e estão sendo investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Com o depoimento do general Gustavo Henrique Dutra à CPI, surgem novos detalhes sobre a atuação das forças militares no dia 8 de janeiro e a apreciação positiva do ex-presidente Lula em meio aos desafios enfrentados.

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