O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), surpreendeu ao acusar a Operação Lava Jato de praticar “tortura”.
Por Rogério Cirino
“Teria que ter inquérito para saber o que se passou. As pessoas só eram soltas, liberadas, depois de confessarem e fazerem acordo. Isso é uma vergonha e nós não podemos ter esse tipo de ônus. Coisa de pervertidos. Claramente se tratava de prática de tortura usando o poder do Estado. São páginas que envergonham a Justiça. O que se fez em Curitiba, nessa chamada República de Curitiba, com a Lava Jato, nós temos que fazer um escrutínio muito severo, porque se trata de algo extremamente grave”, afirmou o ministro.
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Além disso, Gilmar Mendes defendeu a investigação dos membros que participaram da operação, mesmo que não façam mais parte da força-tarefa, para evitar a repetição de tais práticas no futuro. Atualmente, o ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil-PR), responsável pelos processos da Lava Jato, é senador, enquanto o ex-procurador e ex-coordenador da força-tarefa de Curitiba, Deltan Dallagnol (Podemos-PR), é deputado federal.
Essas acusações surgem logo após críticas feitas por Gilmar Mendes em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite da última segunda-feira, 8. Durante a entrevista, o ministro do STF afirmou que Curitiba foi o “germe do fascismo” e que suas ações ajudaram o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a chegar ao Palácio do Planalto.
Em resposta às acusações de Gilmar Mendes, Sérgio Moro utilizou suas redes sociais para se defender: “Não tenho a mesma obsessão por Gilmar Mendes que ele tem por mim. Combati a corrupção e prendi criminosos que saquearam a democracia. Não são muitos que podem dizer o mesmo neste país”, finalizou.
Essa polêmica envolvendo a Lava Jato revela as contradições e ironias presentes no cenário político e judicial do país. A discussão sobre os métodos utilizados na operação e suas consequências continua gerando intensos debates e opiniões divergentes entre os envolvidos e a sociedade em geral.