Fonte: CNN
Enquanto o ex-presidente americano Donald Trump defende Jair Bolsonaro nas redes sociais, o governo brasileiro rebate: “Não aceitamos tutela de ninguém”. No meio dessa troca de recados internacionais, o pano de fundo é grave: Bolsonaro é réu por tentativa de golpe e pode pegar até 39 anos de prisão.
“Deixem Bolsonaro em paz”, pede Trump
Na tarde de segunda-feira (7), Donald Trump foi à sua rede social, Truth Social, defender Jair Bolsonaro. Para ele, o ex-presidente brasileiro é vítima de uma “caça às bruxas” e não deveria estar respondendo à Justiça, mas sim sendo julgado apenas pelo povo, nas urnas. “O único julgamento que deveria acontecer é o julgamento dos eleitores. Isso se chama eleição. Deixem Bolsonaro em paz!”, escreveu.
Trump, que também enfrenta processos nos EUA, não mencionou diretamente os crimes pelos quais Bolsonaro é acusado, mas afirmou que ele “não é culpado de nada, exceto por lutar pelo povo”.
Lula responde: “Não aceitamos interferência de quem quer que seja”
Horas depois da declaração de Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se pronunciou, sem citar nomes, mas com um recado direto:
“A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja.”
Lula reforçou que as instituições brasileiras são sólidas e independentes e que “ninguém está acima da lei, sobretudo os que atentam contra a liberdade e o Estado de Direito”.
O contexto: Bolsonaro e o processo por tentativa de golpe
Bolsonaro é réu em um processo no STF (Supremo Tribunal Federal) acusado de cinco crimes, incluindo tentativa de golpe de Estado, formação de organização criminosa armada e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Caso seja condenado, pode pegar até 39 anos de prisão.
Ele também está inelegível até 2030 por decisão do TSE, após ataques infundados ao sistema eleitoral brasileiro.
Reações no governo
A ministra Gleisi Hoffmann, presidente do PT, foi direta: “O presidente dos EUA deveria cuidar dos seus próprios problemas, que não são poucos, e respeitar a soberania do Brasil e do nosso Judiciário.”
O advogado-geral da União, Jorge Messias, endossou: “O Brasil olha para o futuro com a cabeça erguida, firme em seus valores e compromissado com os interesses do seu povo — e não com os interesses de lideranças estrangeiras.”
Uma disputa maior que dois presidentes
O embate entre Lula e Trump vai muito além de uma troca de farpas. Trata-se de uma discussão sobre soberania, justiça e o papel das democracias em tempos de polarização global. E, principalmente, sobre o futuro do Brasil: é a Justiça brasileira que decidirá se Bolsonaro cometeu crimes ou não.
Aos olhos do mundo, o recado está dado: o Brasil não aceita tutela, nem likes em rede social como substituto do devido processo legal.







