PL muda estratégia e aposta em pressão parlamentar para acelerar votação
O Partido Liberal (PL) alterou sua estratégia na Câmara dos Deputados e agora pressiona pela votação em regime de urgência do projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro de 2023. Para isso, busca coletar assinaturas suficientes para levar o texto direto ao Plenário, sem passar pelas comissões.
Segundo levantamento do Metrópoles, mais de 200 deputados já assinaram o requerimento de urgência, sendo ao menos 116 deles pertencentes a partidos que compõem a base do governo Lula.
Entre os signatários estão deputados do MDB, União Brasil, PSD, Republicanos e PP — partidos com representantes em ministérios do atual governo, mas com núcleos de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Pressão cresce por votação direta no Plenário
Para que o projeto avance em regime de urgência, são necessárias 257 assinaturas ou o apoio de líderes que representem essa quantidade de parlamentares. A meta está próxima de ser alcançada, o que acendeu o alerta no Palácio do Planalto e entre setores da sociedade civil que rejeitam qualquer perdão a envolvidos em atos antidemocráticos.
“Estamos apostando no diálogo com os colegas parlamentares, que vêm se sensibilizando com essa pauta de justiça, de humanidade e de pacificação nacional”, afirmou o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), um dos líderes do movimento pró-anistia.
Fim da obstrução: foco agora é mobilizar base
O PL, que até então promovia obstrução nas comissões e no Plenário, decidiu suspender a paralisação e concentrar esforços na articulação política para aprovar a urgência. A mudança de postura foi vista como uma tentativa de quebrar resistências dentro da base governista.
Entre os partidos da base com maior número de signatários estão:
PP: 30 deputados
União Brasil: 29 deputados
Republicanos: 23 deputados
PSD: 17 deputados
MDB: 17 deputados
Além dessas legendas, parlamentares de Podemos, PSDB, PRD, Avante, Novo e Cidadania também apoiam a tramitação acelerada.
Veja alguns dos parlamentares da base que assinaram a urgência:
Afonso Hamm (PP-RS)
Alceu Moreira (MDB-RS)
Cristiane Lopes (União-RO)
Cezinha de Madureira (PSD-SP)
Delegado Palumbo (MDB-SP)
Diego Andrade (PSD-MG)
Fred Linhares (Republicanos-DF)
Gilberto Nascimento (PSD-SP)
Julio Cesar Ribeiro (Republicanos-DF)
Kim Kataguiri (União-SP)
Rosângela Moro (União-SP)
Sargento Fahur (PSD-PR)
Simone Marquetto (MDB-SP)
Pedro Lupion (PP-PR)
→ Veja a lista completa no final da matéria.
Reação política e social
A mobilização pelo perdão aos réus do 8 de Janeiro provocou reações imediatas de setores da sociedade civil, partidos de oposição à anistia e até membros do Judiciário. Críticos apontam que a medida representa um retrocesso no enfrentamento a ataques à democracia.
Enquanto isso, o governo tenta evitar desgaste com a base e acompanha os desdobramentos com cautela, em meio a tensões políticas e econômicas no Congresso.