Na mesma noite em que Donald Trump aumentou a pressão internacional com novas tarifas contra o Brasil, Jair Bolsonaro (PL) reapareceu para dizer que toparia interceder com o aliado americano. Mas impôs uma condição: “Me restitua o passaporte que eu converso. Quem é o presidente é o Lula, não sou eu”, disse ele ao programa CNN Arena nesta terça-feira (15).
O ex-presidente está sem passaporte desde fevereiro de 2024, por ordem da Polícia Federal, no âmbito das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado. Agora réu no Supremo Tribunal Federal, ele responde por cinco crimes, incluindo organização criminosa e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
Mesmo assim, Bolsonaro reafirmou pretensões políticas e rejeitou qualquer alternativa de liderança para 2026: “Por enquanto, eu sou a alternativa. Não cometi nenhum crime, não tentei dar um golpe, não abusei de poder. Dei o melhor de mim por quatro anos à frente da Presidência”.
Inelegível até 2030 por decisão do TSE, o ex-mandatário também afastou a ideia de pedir asilo: “Eu vou ser preso por quê? Por ter destruído o relógio em Brasília? Eu estava nos EUA. Isso é um crime impossível. Não vou pedir asilo se não cometi crime algum. Como o presidente Trump tem dito: ‘Caça às bruxas’”.
A fala ocorre um dia após o procurador-geral Paulo Gonet pedir a condenação de Bolsonaro e outros sete acusados por organizar e tentar executar um plano golpista para se manter no poder após a derrota eleitoral de 2022. O caso está nas mãos do ministro Alexandre de Moraes e o julgamento pode começar ainda este ano.
Enquanto isso, o passaporte segue confiscado — e Trump, ao que tudo indica, não está esperando por intermediações.