Ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, foi a convidada especial
O Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, José Gomes Cravinho, afirmou que “é precisamente nos momentos de turbulência internacional que melhor temos de trabalhar as qualidades e os ativos estratégicos que felizmente temos na nossa política externa”.
Ele falava na sessão de abertura do Seminário Diplomático 2023, em Lisboa, no dia 4 de janeiro. Na sua intervenção, João Gomes Cravinho disse que o Ministério dos Negócios Estrangeiros deve estar “mobilizado para a leitura atenta de um mundo em rápida mutação, contribuindo para o posicionamento apropriado”.
“A prudência e uma certa dose de pessimismo sobre aquilo que pode correr mal no plano internacional podem e devem ser equilibrados pela confiança nas capacidades da nossa diplomacia em encontrar caminhos possíveis para a paz e o diálogo”, afirmou.
Prioridades para uma União Europeia em transformação
O Ministro referiu também que “dentro da própria União Europeia” se vivem “igualmente tempos transformativos», pelo que a mesma deverá «transformar-se numa potência geoestratégica” e para a qual se apresentam as «três prioridades inelutáveis»: “ter um caminho claro para o relacionamento com a vizinhança”, “o regresso da Europa ao estatuto de superpotência comercial” e não adiar “a Europa da Defesa”.
Sobre esta última prioridade, João Gomes Cravinho referiu a promoção “da capacidade de planeamento e condução de atividades militares no plano europeu, um processo de harmonização de aquisições (algo que apenas começou através da Agência Europeia de Defesa), e o desenvolvimento rápido e profundo de um ecossistema de indústrias de defesa no espaço europeu, algo que está também a dar os primeiros passos e que precisa de ser assumido pelos governos europeus como prioridade”.
“Há desenvolvimentos importantes, como é o caso do projeto europeu para o avião de combate, mas precisamos de alargar muito o leque de atividades em comum” disse.
O Ministro disse ainda que «é importante que este processo seja conduzido de forma sinérgica com a OTAN, em complementaridade e tirando proveito das mais-valias de cada instituição».
“Em relação a estas três dinâmicas necessárias na UE – a ligação entre alargamento e reforma institucional, a promoção de uma política comercial ambiciosa, e a consolidação de uma Europa da Defesa Portugal tem um papel a desempenhar”, afirmou.
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, foi a convidada especial do encontro que anualmente junta todos os embaixadores e/ou chefes de missões diplomáticas portugueses. Em sua fala, pediu que a União Europeia fale a “uma só voz”, sublinhando, ao longo do discurso no Seminário Diplomático 2023, que esta é a mensagem para este novo ano. A chefe da diplomacia alemã enfatizou, assim, a superação europeia dos últimos anos, nomeadamente no que toca ao apoio à Ucrânia. “Uma só voz. Este último ano precisamos, como nunca, desta unidade, desta voz unida e conseguimos demonstrar essa capacidade de superação”, declarou.
Dois dias de programa intenso
O Seminário Diplomático ocorreu no Museu do Oriente, em Lisboa, e encerou nesta quinta (5). Foram dois dias de programa intenso, onde foram abordadas temáticas como o papel da diplomacia econômica em tempos de recuperação econômica, a transformação do panorama geostratégico ou os desafios à segurança energética, além dos vários painéis que debaterão questões regionais – África, América, Ásia e Europa – que contam com a participação dos Secretários de Estado Francisco André, Paulo Cafôfo, Bernardo Ivo Cruz e Tiago Antunes, respetivamente.
Também foram discutidas as oportunidades e os desafios das migrações numa sessão que contou com a intervenção do Diretor-Geral da Organização Internacional das Migrações, António Vitorino.
Fonte: Diplomacia Business com informações da República Portuguesa.
