Ministério Público da Bahia e Idafro ingressam com ação civil coletiva contra cantora por alterações em letras de músicas do axé com referências a orixás.
O Ministério Público da Bahia (MPBA) e o Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro) protocolaram ação civil coletiva contra a cantora Claudia Leitte na 7ª Vara da Fazenda Pública de Salvador. A ação acusa a artista de prática de intolerância religiosa por alterar letras de músicas consagradas do axé, gênero de matriz afro, substituindo referências a orixás por termos cristãos. O processo foi ajuizado com base em representações sobre condutas reiteradas da cantora em apresentações públicas.
Entre os pedidos principais está a condenação de Claudia Leitte ao pagamento de indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 2 milhões. O valor seria destinado ao Fundo Estadual de Defesa dos Direitos Difusos ou a entidades representativas das religiões de matriz africana. Além disso, requer-se retratação pública em meio de comunicação de alcance nacional, como televisão aberta ou redes sociais oficiais, com formato e conteúdo aprovados pela Justiça.
A ação destaca episódio ocorrido em 2024, quando a cantora alterou a letra da música “Caranguejo”, trocando o verso “saudando a rainha Iemanjá” por “eu canto meu rei Yeshua”. No trecho original: “Maré tá cheia / Espera esvaziar / Joga flores no mar / Saudando a rainha Iemanjá”. Na versão cantada por ela: a última frase foi substituída por “Só louvo meu rei Yeshua”, nome de Jesus em hebraico. A música foi lançada em 2004, quando Claudia Leitte integrava a banda Babado Novo.
O documento aponta que, mesmo após o ajuizamento do processo, a artista voltou a modificar uma canção tradicional, substituindo o nome do orixá Ogum pela palavra “Yeshua”. Para o MPBA e o Idafro, essa conduta configura desrespeito às religiões de matriz africana e esvaziamento simbólico de elementos centrais da cultura afro-brasileira. As alterações não seriam exercício legítimo de liberdade artística ou religiosa, pois envolvem músicas associadas à memória coletiva e à identidade cultural baiana.
A petição é assinada pela promotora Lívia Maria Santana e Sant’Anna Vaz, da Promotoria de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, e por Alan Cedraz Carneiro Santiago, coordenador do Núcleo de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (Nudephac). Eles requerem que Claudia Leitte seja obrigada a se abster de qualquer ato de discriminação religiosa, direta ou indireta, em apresentações, entrevistas, produções artísticas ou redes sociais.
Outros pedidos incluem proibição de novas alterações em letras de músicas que integrem o patrimônio cultural afro-brasileiro. O processo reitera solicitação de tutela antecipada, considerando a alegada reincidência. As religiões afro-brasileiras são reconhecidas pelo Supremo Tribunal Federal como patrimônio cultural imaterial, merecendo proteção estatal contra estigmatização e preconceito.
Claudia Leitte construiu carreira no contexto do axé music, ligado às religiões de matriz africana e à ancestralidade, sem migração formal para o segmento gospel. Até o momento, a cantora não se manifestou publicamente sobre a ação. O processo tramita na Justiça baiana, com informações encaminhadas pelo Idafro à imprensa.
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