O que a delação de Élcio Queiroz reveloou sobre o assassinato de Marielle

Delação premiada do ex-policial militar Élcio Queiroz revela participação de outras pessoas no crime, e investigação avança para identificar os mandantes e envolvimento das milícias

Por Rogério Cirino

A investigação sobre o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes deu um passo importante na segunda-feira (24) com as revelações feitas pelo ex-policial militar Élcio Queiroz em sua delação premiada. Preso desde março de 2019, acusado de dirigir o carro utilizado no crime, Queiroz confirmou sua participação e apontou outras pessoas como coparticipantes do homicídio.

A delação de Élcio Queiroz, realizada no presídio federal de Brasília (DF), levou à Operação Élpis, uma ação conjunta da Polícia Federal (PF) com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ). Nesta segunda-feira, foi cumprido um mandado de prisão preventiva contra o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa e sete mandados de busca e apreensão.

Na delação, Élcio Queiroz revelou que o autor dos disparos que mataram Marielle e Anderson foi Ronnie Lessa, um sargento reformado que também está preso desde março de 2019. Além disso, Élcio mencionou a participação de um terceiro indivíduo, o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel. Ele teria seguido Marielle antes do crime, ajudado a esconder armas e levado o carro utilizado no homicídio para um desmanche. Maxwell já havia sido preso em junho de 2020 por obstrução de Justiça, mas cumpria pena em regime domiciliar.

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O crime aconteceu no dia 14 de março de 2018, quando Marielle participava de um evento na Casa das Pretas, no bairro carioca da Lapa. Ronnie Lessa fez pesquisas sobre o CPF e endereço da vereadora e sua filha dois dias antes do assassinato, indicando planejamento prévio. Na tarde do dia do crime, Ronnie convidou Élcio para sua casa, e juntos seguiram para o local do homicídio, onde Ronnie disparou 13 tiros contra o carro de Marielle, acertando-a quatro vezes na cabeça e Anderson três vezes. Os dois morreram no local, enquanto a assessora Fernanda Chaves, que também estava no carro, ficou ferida.

Após o crime, Élcio e Ronnie tomaram uma rota de fuga, entregaram os equipamentos utilizados no crime para o irmão de Ronnie, Denis Lessa, e chamaram um táxi até a Barra da Tijuca. Lá, eles embarcaram novamente no carro de Ronnie e seguiram para um bar.

Com a delação de Élcio Queiroz, a investigação do assassinato de Marielle e Anderson avança para identificar os mandantes do crime e o envolvimento das milícias do Rio de Janeiro. O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que a investigação agora muda de foco para buscar os responsáveis por planejar o homicídio.

As novas revelações trouxeram luz a uma das maiores incógnitas do caso, mas ainda há muito a ser desvendado. As próximas semanas devem trazer novas operações e detalhes que podem levar ao esclarecimento completo desse crime que chocou o país.

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