Fundador do WikiLeaks foi solto após fechar acordo com o Departamento de Justiça dos EUA
O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, foi libertado de uma prisão britânica e está retornando para a Austrália, seu país natal, após um acordo judicial que encerrou sua batalha de 12 anos contra a extradição para os Estados Unidos. Assange, que passou os últimos cinco anos em uma prisão de segurança máxima no Reino Unido e quase sete anos escondido na embaixada do Equador em Londres, aceitou se declarar culpado de uma acusação criminal relacionada à publicação de documentos confidenciais do governo dos EUA.
Na segunda-feira (24), Assange, de 52 anos, concordou em se declarar culpado de violar a lei de espionagem dos EUA, após seu site de denúncias publicar quase meio milhão de documentos militares secretos sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão. O acordo permite que Assange evite a prisão nos EUA e retorne à Austrália como homem livre, após comparecer ao tribunal em Saipan, nas Ilhas Marianas do Norte.
Onde se encontra Assange?
Assange embarcou em um voo do aeroporto de Stansted, em Londres, na segunda-feira, após ser libertado sob fiança. O WikiLeaks confirmou que ele deixou a prisão de segurança máxima de Belmarsh na manhã de 24 de junho. Viajando com ele no voo estava o Alto Comissário da Austrália no Reino Unido, Stephen Smith.
Nos termos do acordo, os procuradores do Departamento de Justiça dos EUA recomendarão uma pena de 62 meses, equivalente ao tempo que Assange já cumpriu no Reino Unido. Esse acordo ainda precisa ser aprovado por um juiz federal. A audiência e a sentença serão conduzidas em conjunto na quarta-feira em Saipan, um território dos EUA mais próximo da Austrália.
O que Assange fez?
Assange foi procurado pelas autoridades dos EUA por acusações de espionagem relacionadas à publicação de documentos militares e governamentais sensíveis, fornecidos pela ex-analista de inteligência do Exército, Chelsea Manning. Os EUA acusaram Assange de colocar em risco a vida de fontes confidenciais ao divulgar os telegramas não filtrados. Ele enfrentava 18 acusações e podia pegar até 175 anos de prisão.
Assange iniciou o WikiLeaks em 2006 como um repositório online para material submetido anonimamente. Em 2010, o WikiLeaks ganhou atenção global ao divulgar um vídeo de um ataque de helicóptero dos EUA no Iraque. Pouco depois, divulgou milhares de documentos militares confidenciais das guerras no Iraque e no Afeganistão.
Luta contra a extradição
Assange argumentou que o caso contra ele tinha motivação política e que não enfrentaria um julgamento justo nos EUA. Em 2010, ele foi acusado de agressão sexual na Suécia, mas se refugiou na Embaixada do Equador em Londres para evitar a extradição. Em 2019, foi retirado da embaixada pela Polícia Metropolitana de Londres, com base em um mandado de extradição dos EUA, e passou os últimos cinco anos na prisão de Belmarsh.
Apoio à libertação de Assange
Recentemente, houve aumento na pressão para que o caso de Assange fosse rejeitado. Em maio, o Supremo Tribunal de Londres decidiu que ele tinha o direito de recorrer contra a extradição. Após sua libertação, sua esposa, Stella Assange, expressou gratidão pelo apoio recebido ao longo dos anos.
Falando no parlamento, o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, afirmou que o caso de Assange se arrastou por tempo demais e que não há nada a ganhar com sua continuação. Outros líderes, incluindo os presidentes da Colômbia e do México, também celebraram a libertação de Assange, considerando sua prisão um ataque à liberdade de imprensa em escala global.
*Com informações da CNN