Papa Francisco morre aos 88 anos: um pontificado marcado por humildade, reformas e controvérsias
O Papa Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, faleceu nesta segunda-feira, 21 de abril de 2025, aos 88 anos, na Casa Santa Marta, no Vaticano. O pontífice argentino, primeiro latino-americano a liderar a Igreja Católica, enfrentava uma pneumonia bilateral que o manteve hospitalizado por 37 dias em Roma.
Das ruas de Buenos Aires ao trono de Pedro
Nascido em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, filho de imigrantes italianos, Bergoglio trabalhou como faxineiro e técnico em alimentos antes de ingressar na Companhia de Jesus em 1958. Foi ordenado sacerdote em 1969 e, aos 36 anos, tornou-se responsável nacional dos jesuítas argentinos.
Durante a ditadura militar argentina (1976-1983), seu papel gerou controvérsias. Acusações sugerem que teria colaborado com o regime ao supostamente entregar dois padres jesuítas às autoridades. Bergoglio sempre negou envolvimento direto, e os próprios sacerdotes posteriormente o absolveram publicamente.
Após a ditadura, Bergoglio retomou suas atividades pastorais e, em 1992, foi nomeado bispo auxiliar de Buenos Aires por João Paulo II. Em 1998, tornou-se arcebispo da capital argentina e, em 2001, foi elevado a cardeal.
Um papado de rupturas e gestos simbólicos
Eleito em 13 de março de 2013, após a renúncia de Bento XVI, Francisco foi o primeiro papa jesuíta e o primeiro não europeu em mais de mil anos. Seu pontificado destacou-se por uma abordagem pastoral voltada aos pobres e marginalizados, além de reformas administrativas e uma postura mais inclusiva em relação a temas sociais.
Um estilo de vida simples, recusando luxos tradicionais do papado e optando por residir na Casa Santa Marta. Seu famoso comentário “Quem sou eu para julgar?” sobre homossexuais marcou uma mudança de tom na Igreja, embora mantivesse a doutrina tradicional sobre o casamento.
Reformas e enfrentamento de crises
Durante seu pontificado, Francisco enfrentou desafios significativos, incluindo a crise de abusos sexuais na Igreja. Embora tenha adotado medidas para lidar com o problema, críticos apontam que suas ações foram insuficientes.
Em termos administrativos, promoveu reformas na Cúria Romana e buscou descentralizar o poder, incentivando maior autonomia às conferências episcopais. Também foi um defensor fervoroso da justiça social, do cuidado com o meio ambiente e do diálogo inter-religioso.
Legado e sucessão
A morte de Francisco inicia o período de Sé Vacante. O cardeal Kevin Farrell assumirá temporariamente a administração do Vaticano até a realização do conclave que elegerá o novo pontífice. O Papa Francisco será lembrado por sua humildade, compromisso com os marginalizados e esforços para aproximar a Igreja das realidades contemporâneas. Seu legado continuará a influenciar a Igreja Católica nos anos vindouros.