Pesquisa Indica Vitória da Direita em Eleições Antecipadas na França

Macron fez aposta arriscada no calor das pesquisas de boca de urna do Parlamento Europeu

O presidente francês, Emmanuel Macron, tomou uma decisão ousada ao antecipar as eleições para a Assembleia Nacional, originalmente previstas para 2027, convocando-as para os dias 30 de junho e 7 de julho. Segundo uma pesquisa publicada na segunda-feira (10), o partido de direita União Nacional, liderado por Marine Le Pen, estaria em posição de vencer.

Resultados da Pesquisa

A pesquisa, realizada pela Toluna Harris Interactive para Challenges, M6 e RTL, indica que o partido eurocético e anti-imigração de Le Pen aumentaria sua representação dos atuais 88 deputados para entre 235 e 265. No entanto, essa bancada não seria suficiente para uma maioria absoluta, que exige 289 cadeiras.

A aliança centrista de Macron reduziria sua presença dos atuais 250 deputados para entre 125 e 155. Os partidos de esquerda, que se opõem tanto ao governo quanto à direita, alcançariam entre 115 e 145 cadeiras.

Consequências Potenciais

A possível vitória da União Nacional resultaria em uma coabitação com o presidente Macron, cujo mandato vai até 2027. Mesmo com a vitória, a União Nacional pode enfrentar dificuldades para formar um governo. É possível que o centro e parte da esquerda se unam para bloquear a direita, permitindo a Macron formar um governo minoritário, ainda que imobilizado.

Marine Le Pen, derrotada por Macron em 2017 e 2022, é a favorita nas pesquisas para as eleições presidenciais de 2027.

Estratégia de Macron

Macron espera que antecipar as eleições cause um choque no eleitorado francês, diferenciando um voto de protesto nas eleições parlamentares europeias de uma escolha para o governo nacional. Ele também aposta no desgaste de um possível governo de direita até as eleições presidenciais de 2027. Questões como o apoio francês à Ucrânia poderiam ser afetadas.

Contexto Econômico e Político

Os franceses estão insatisfeitos com o aumento do custo de vida, resultante do descompasso entre oferta e demanda pós-pandemia e das sanções contra petróleo e gás russos. As reformas liberais de Macron, incluindo a elevação da idade de aposentadoria e a retirada de subsídios para combustíveis, também são impopulares.

A União Nacional propõe aumento de gastos, priorização dos cidadãos franceses nos serviços públicos e restrição à imigração, medidas que desagradam aos mercados financeiros. Na segunda-feira, o euro caiu 0,6% frente ao dólar e as ações de primeira linha na Bolsa de Valores de Paris recuaram 1,4%.

Impacto Internacional

As eleições antecipadas ocorrem pouco antes da abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, em 26 de julho, aumentando sua repercussão internacional. Macron anunciou a antecipação das eleições após as pesquisas de boca de urna indicarem a vitória do grupo de Le Pen nas eleições ao Parlamento Europeu, com 31,4% dos votos, enquanto a aliança Renascimento, de Macron, obteve 14,6%.

Crescimento da Direita na Europa

Na Alemanha, a Alternativa para a Alemanha, de direita, aumentou sua votação para o Parlamento Europeu de 11% em 2019 para 16% em 2024. O Partido Social-Democrata, do chanceler Olaf Scholz, ficou em terceiro lugar com 14%, enquanto a União Democrata-Cristã, de direita moderada, ficou em primeiro com 30%.

Apesar do crescimento da direita, os conservadores moderados ainda predominam no Parlamento Europeu, que possui 720 cadeiras. O Partido Popular Europeu, de centro, lidera com 186 cadeiras, somando forças com os Socialistas e Democratas (135), Renova Europa (79) e Verdes (53), alcançando um total de 453 deputados. A direita deve obter 131 cadeiras, e a esquerda, 36. As 100 cadeiras restantes devem ir para independentes.

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