PGR segue discurso de Bolsonaro e acusa governadores de mau uso do dinheiro na pandemia

Subprocuradora enviou ofício dias após a abertura da CPI da Covid (Reprodução)

A Procuradoria-Geral da República encaminhou ofício a governadores acusando-os de fazer mau uso do dinheiro público

O Painel teve acesso a dois dos documentos enviados, ambos assinados pela subprocuradora Lindora Araújo. Ela afirma à coluna que todos os estados receberam o papel.

O ofício aborda suspeitas que têm sido levantadas pelo presidente Jair Bolsonaro sobre desvios de verbas federais na pandemia. Os documentos foram enviados imediatamente após a criação da CPI da Covid, que teve a abertura determinada pelo Supremo. A linha de frente da comissão mira as omissões do governo federal na pandemia.

QUESTIONAMENTOS – A PGR elenca quatro perguntas a serem respondidas e diz que elas têm relação com outro pedido de informação não respondido de forma satisfatória pelos estados. Em um dos questionamentos, o de número 4, ao pedir esclarecimentos sobre o fechamento de hospitais de campanha, a subprocuradora afirma que a desativação das unidades de saúde teria causado “prejuízo ao erário, não só em relação às vidas com a falta atual de leitos como o decorrente da verba mal utilizada.”

No ofício, Lindora Araújo não indica quais provas possui sobre os prejuízos causados pelo suposto mau uso das verbas públicas utilizadas pelos governadores nos hospitais de campanha.

Já na pergunta 3, a subprocuradora aborda as suposições que têm sido feitas por Bolsonaro sobre o dinheiro federal enviado para o combate à pandemia ter sido utilizado para outros fins pelos governadores.

REPASSES –  Em fevereiro, o presidente chegou a publicar nas redes sociais uma lista com valores repassados aos estados e, em entrevistas, apontou para a possibilidade de desvio no uso da verba para a Saúde. Ao programa do Datena, por exemplo, Bolsonaro fez insinuações de cunho obsceno sobre o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB).

“Onde o governador do Rio Grande do Sul, que fala muito manso, muito educadamente, uma pessoa até simpática, mas é um péssimo administrador. Onde ele enfiou essa grana? Eu não vou responder pra ele, mas eu acho que sei onde ele colocou essa grana toda aí, não colocou na saúde”, disse Bolsonaro no programa.

Ao governo Rio Grande do Norte, comandado pela petista Fátima Bezerra, Lindora vai no mesmo caminho do presidente e pergunta: “Qual o valor efetivamente investido na saúde, na prevenção de casos e no combate à pandemia? Algum valor destinado à saúde (combate à pandemia) foi realocado para pagamento de outras despesas do Estado?” A subprocuradora afirma no ofício que as respostas devem ser assinadas “pessoalmente” pelo governador porque “tal responsabilidade não pode ser atribuída a outros órgãos”.

Redação, Folha de SP

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