Prisão de Bolsonaro é considerada iminente por governo e oposição

Lula Marques/Agência Brasil

Defesa tem até esta terça-feira para responder ao STF sobre suposta quebra de cautelares; clima é de tensão em Brasília

A possibilidade de uma prisão imediata de Jair Bolsonaro uniu governo e oposição em um mesmo diagnóstico: o ex-presidente pode ser detido a qualquer momento. A avaliação circula entre parlamentares do PL e do PT, que agora tentam antecipar os efeitos políticos e eleitorais da possível retirada forçada do ex-mandatário do cenário nacional.

A tensão cresceu após a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que deu prazo até esta terça-feira (22/7) para a defesa de Bolsonaro justificar o suposto descumprimento de medidas cautelares. Caso contrário, a prisão preventiva poderá ser decretada de forma imediata.

A fala de Bolsonaro nesta segunda-feira, em frente ao Congresso, ao exibir sua tornozeleira eletrônica, foi vista por ministros do STF e membros do governo como um gesto de afronta à Corte — e suficiente para configurar violação das restrições impostas.

Cautelares e risco de prisão

As medidas impostas incluem:

  • Recolhimento domiciliar noturno e integral nos fins de semana;

  • Tornozeleira eletrônica;

  • Proibição de contato com autoridades estrangeiras e com o filho Eduardo Bolsonaro;

  • Proibição de entrevistas e aparições em redes sociais, inclusive por terceiros.

Essa última restrição — relativa à comunicação — está no centro do imbróglio. A presença de Bolsonaro diante de jornalistas, ainda que breve, pode ser interpretada como descumprimento direto da ordem judicial.

PL sem rumo

No PL, o clima é de apreensão. Lideranças admitem que o partido não tem um plano claro caso Bolsonaro seja preso ainda nesta semana. Uma ala acredita que Moraes agirá com base mais política que jurídica, enquanto outra avalia que o magistrado não teria concedido o prazo de 24h se quisesse prender o ex-presidente de imediato.

Há, também, quem veja na prisão um movimento estratégico para a direita, permitindo que o grupo reorganize sua liderança antes de 2026. No entanto, o temor de divisões internas e disputas prematuras é real.

Esquerda observa com cautela

Do lado governista, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, afirmou que a prisão é “inevitável”, acusando Bolsonaro de seguir em campanha contra as instituições e de organizar uma rede para obstruir a Justiça. Já no Planalto, auxiliares de Lula analisam os impactos políticos da detenção: pode tanto desmobilizar a oposição quanto acirrar as disputas internas da direita.

O temor é que a ausência de Bolsonaro gere uma guerra por sucessão, especialmente entre figuras como Eduardo Bolsonaro e o governador Tarcísio de Freitas, que já divergem publicamente sobre as sanções americanas.

O elo com Trump

A crise se agravou após o presidente norte-americano Donald Trump impor tarifas de 50% a produtos brasileiros, culpando o STF por perseguição política a Bolsonaro. A Polícia Federal acredita que o ex-presidente atuou ativamente para incentivar tais sanções — ação considerada tentativa de obstrução ao funcionamento das instituições brasileiras.

Com Brasília em estado de alerta e o relógio correndo, a expectativa agora é por uma definição ainda hoje — e uma possível ruptura sem precedentes na história política recente do país.

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