Considerado o roqueiro mais antigo do Brasil, Serguei fez shows ao lado de sua banda, a Pandemonium, que o acompanhou de 2008 até sua morte. Era considerado cantor oficial do grupo Hells Angels (motoclube internacional).
Sérgio Augusto Bustamante (Rio de Janeiro, 8 de novembro de 1933 — Volta Redonda, 7 de junho de 2019), mais conhecido como Serguei, foi um cantor e compositor brasileiro. Segundo o Cravo Albin, apesar de nunca ter obtido um grande sucesso comercial, é considerado uma lenda do rock brasileiro e também o precursor brasileiro do visual andrógino em shows.
Na infância, ele teve um amigo russo que lhe chamava de “Sergei” (em russo: Сергей, variação de “Sérgio” em russo), porque tinha dificuldade em pronunciar seu nome corretamente, passando assim a usar a variação do nome como nome artístico em sua carreira.
Aos 12 anos, foi morar com Lia Anderson, sua avó materna, em Long Island, Nova Iorque, onde participou de festivais estudantis. De volta ao Brasil, em 1955, trabalhou no Banco Boavista (onde foi demitido), e depois como comissário de bordo na Loyd Aéreo, Cruzeiro do Sul, Panair (onde foi demitido após derrubar uma bebida sobre Gina Lollobrigida) e Varig, sendo também demitido após uma bebedeira em Madrid, na Espanha.
Em uma entrevista dada em 2009 no Programa do Jô, Serguei revelou que adorava cantar durante os voos: “Cantava a bordo. Uma vez imitei a Dalva de Oliveira. Mas eu cantava rock, Elvis Presley, …”, disse.
Carreira
Segundo o próprio Serguei, sua carreira musical começou em junho de 1951, quando fez seu primeiro show “numa festa de São João, aos 18 anos”, lembrou numa entrevista. Depois, retornou aos Estados Unidos onde continuou sua carreira, participando de festivais voltados para estudantes.
Em meados dos anos 1960, Serguei começou a tornar-se conhecido no Brasil cantando com o grupo The Youngsters, uma das bandas de apoio de Roberto Carlos.
Em 1967 é retratado pela revista Intervalo (sendo chamado de o “cantor alucinado”) em plena Avenida Rio Branco onde realiza um protesto hippie e desfila com um cartaz em que se lia:
“ Abaixo o convencionalismo! Viva a alegria, viva a vida!!! Proclamo a autenticidade e o direito de ser jovem e feliz! Chega de guerra, chega de tristeza, chega de medo. A era nova chegou! Viva o Rio! Viva os “Beatles”! Lanço meu grito de vida e meu protesto jovem. Sergei. ”
—Trecho de matéria da Revista Intervalo de 1967
Em 1969, esteve no famoso Festival de Woodstock, e no final deste mesmo ano, o cantor, que era panssexual, afirmou ter mantido um relacionamento afetivo com a cantora americana Janis Joplin, em Long Island. Essa suposta relação foi um dos motivos pelo qual ficou conhecido, mas o cantor entra em contradições cronológicas em suas entrevistas; não há como confirmar, uma vez que a própria cantora morreu em 1970.
Ainda em 1969, apresentou-se no “Programa Flávio Cavalcanti”, no qual fez uma performance pop-tropicalista e quase atingiu Márcia de Windsor, uma das juradas, com uma banana.
Em 1970, o compacto “Ouriço/O Burro Cor de Rosa”, foi recolhido pela ditadura militar por considerar a música Ouriço subversiva. Serguei, então, foi chamado a depor e logo liberado.
Em 1972, retornou definitivamente ao Brasil, e foi morar na cidade de Saquarema, no Estado do Rio de Janeiro, onde viveu até o ano de seu falecimento.
Anos 1990 e a volta da popularidade
Serguei só voltaria a ficar em evidência novamente nos anos 1990, após fazer shows em duas edições do Rock in Rio: Apresentação solo no Rock In Rio II (1991) e uma participação especial no show de Sylvinho Blau Blau no Rock In Rio III (2001); fez também aparições como espectador no Rock in Rio IV e Rock in Rio V.
Em 1999, o livro “Serguei, O Anjo Maldito”, de João Henrique Schiller foi lançado.
Em 2004, Serguei desfilou pela grife Cavalera na São Paulo Fashion Week, realizada no Pavilhão da Bienal do Parque do Ibirapuera, zona sul de São Paulo, com a famosa camisa “Eu Comi a Janis Joplin”
Em 2011, o Multishow produziu o programa “Serguei Rock Show”, que contou com 10 episódios, e a participação de roqueiros como Rogério Skylab e Zéu Brito. Em 2016, o documentário Serguei, O Último Psicodélico, que conta sua biografia, foi lançado. Em 2018, mais uma biografia – As Alucinações de Serguei, de Rodrigo Barros e Paulo-Roberto Andel – foi lançada.
Estado de saúde e morte
Em maio de 2019, novamente foi internado no mesmo hospital para tratar de um forte quadro de desidratação, desnutrição e pneumonia. O artista também apresentava um quadro inicial de Alzheimer, mesmo assim reconheceu seus amigos no leito hospitalar, onde respondia bem ao tratamento.
O quadro de saúde de Serguei piorou, e ele foi transferido de helicóptero para o Hospital Zilda Arns, localizado em Volta Redonda. O cantor ficou internado na UTI, e na manhã do dia 7 de junho de 2019 faleceu devido a uma falência de múltiplos órgãos.
A prefeitura de Saquarema decretou luto de três dias e seu velório ocorreu no dia seguinte, na Câmara Municipal de Saquarema.
Diversos artistas lamentaram a morte de Serguei nas redes sociais.
Templo do Rock
Em sua residência, na cidade de Saquarema, foi criado o “Templo do Rock”, administrado por Serguei, constituído com peças de roupas, discos, prêmios, livros, cartazes, filmes em VHS e outros materiais sobre a vida do cantor. Sua residência é um ponto turístico da cidade. A casa foi construída pelo empresário e ambientalista Russell Wid Coffin em um terreno doado pela prefeitura em 2006 e chegou a receber mais de 20 mil visitantes.
O Templo do Rock, que é considerado um local histórico para a cidade.
Após a morte do cantor, a Secretaria de Comunicação de Saquarema avisou que “o local ficará designado à Secretaria Municipal de Educação e Cultura para coordenar as ações de preservação, mantendo-o como patrimônio cultural do município, levando a história de Serguei e do Rock brasileiro para as futuras gerações”
Estilo e Legado
No entender de Fabian Chacur, do MondoPop, “sempre lembrado como o cara que namorou a Janis Joplin, Serguei é o roqueiro em estado puro. Seu canto é rouco, frequentemente desafinado, gritado, mesmo. Mas com uma personalidade que supera toda e qualquer deficiência, com uma assinatura própria e forte”.
Já para Mauro Ferreira, do G1, “Serguei será sempre mais lembrado pela irreverência e pela atitude do que pela música. Ele foi tão rock’n’roll que nem precisou construir uma obra sólida como cantor para se tornar um símbolo deste gênero rebelde pela própria natureza”
Fonte: Wikipedia