Presidente eleito dos EUA exige compromisso dos membros do bloco contra criação de nova moeda
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, advertiu os países do Brics neste sábado (30) sobre possíveis retaliações caso avancem na criação de uma moeda alternativa ao dólar. Trump afirmou que qualquer país que apoie uma nova moeda para substituir o dólar sofrerá tarifas de 100% nas suas exportações para os EUA.
“Exigimos que esses países se comprometam a não criar uma nova moeda do Brics nem apoiar qualquer outra moeda que substitua o poderoso dólar americano, caso contrário, eles sofrerão 100% de tarifas e deverão dizer adeus às vendas para a maravilhosa economia norte-americana”, declarou Trump em sua rede social, Truth Social.
Ele ainda completou:
“Eles podem procurar outro ‘otário’. Não há nenhuma chance dos Brics substituírem o dólar americano no comércio internacional.”
Expansão do Brics e desdolarização
Desde janeiro de 2024, o bloco Brics expandiu para dez membros plenos, com a inclusão de Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos, além dos fundadores Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Em outubro, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva reforçou, durante uma cúpula do bloco em Kazan, na Rússia, a necessidade de avançar na criação de sistemas de pagamento alternativos ao dólar. Ele destacou que o desenvolvimento de mecanismos de compensação em moedas locais é uma prioridade do Brasil no Brics, especialmente visando reduzir a dependência do dólar em transações internas.
O Brasil assume a presidência do bloco em 2025 e pretende acelerar essa agenda, além de ampliar o papel do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), presidido pela ex-presidente Dilma Rousseff.
Impactos e reações
A proposta de desdolarização tem provocado intensos debates no cenário econômico global. Trump sinalizou que os EUA não tolerarão esforços para diminuir a hegemonia do dólar, reiterando seu compromisso em proteger os interesses econômicos norte-americanos.
A Presidência do Brasil e o Ministério de Relações Exteriores ainda não se pronunciaram sobre as declarações de Trump.