Trump impõe tarifa de 50% e surpreende Brasil: retaliação política escancara crise diplomática

Alvo inesperado, governo Lula avalia resposta com base na reciprocidade e vê motivação ideológica e eleitoral na medida

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros pegou o governo Lula completamente desprevenido. A nova taxação foi comunicada nesta quarta-feira (9) por meio de uma carta postada na rede Truth Social e enviada diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo apurou a CNN, integrantes da área econômica do Planalto acreditavam que o Brasil não estava entre os alvos prioritários das medidas protecionistas de Trump.

Nos bastidores, a expectativa era de que os EUA focassem países com os quais mantêm déficit comercial — o que não se aplica ao Brasil, cuja balança é favorável aos norte-americanos. No entanto, a ação foi classificada pelo governo como uma “retaliação política”, conectada ao descontentamento de Trump com decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), à atuação de Alexandre de Moraes sobre as redes sociais e ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ofensiva eleitoral e protecionista
A carta de Trump mistura retórica eleitoral com agressiva diplomacia comercial. Ele acusa o Brasil de “vergonha internacional” no tratamento de Bolsonaro, afirma que o STF promove “censura ilegal” a plataformas dos EUA e justifica a tarifa como forma de “corrigir injustiças” nas relações comerciais. O documento ainda ameaça dobrar a tarifa caso o Brasil reaja com medidas equivalentes.

A taxação entra em vigor em 1º de agosto e afeta especialmente o agronegócio, siderurgia e manufaturas. Outros países também foram atingidos — como Argélia, Líbia e Sri Lanka — mas a alíquota para o Brasil foi a mais elevada. Trump diz que a tarifa pode ser revista, “para cima ou para baixo”, conforme a relação bilateral evolua. Trata-se de uma típica jogada de pressão trumpista: anuncia o pior cenário como abertura para negociação futura.

Reação brasileira prega cautela
O governo Lula estuda acionar a lei da reciprocidade, mas prega “racionalidade” e “bola no chão”, segundo interlocutores da área diplomática. O temor é que uma escalada reativa aprofunde a crise e prejudique setores produtivos. A ordem, por ora, é buscar interlocução com o Congresso americano e setores empresariais dos EUA para demonstrar que a decisão fere não apenas o Brasil, mas interesses mútuos.

O vice-presidente Geraldo Alckmin classificou a medida como “injusta” e “sem justificativa econômica”. Parlamentares da base defendem que o Brasil fortaleça alianças comerciais com a Europa e a Ásia como resposta estratégica.

Big techs e Brics no centro da disputa
Segundo analistas, o principal motivador da tarifa é a ofensiva brasileira sobre as big techs, capitaneada por Alexandre de Moraes. Trump — aliado dessas plataformas e criador da Truth Social — vê nas decisões do STF uma ameaça ao livre funcionamento das empresas americanas no exterior. A Casa Branca também acusa o Brasil de adotar práticas comerciais “fechadas e desleais”.

Outro fator é a crescente aproximação do Brasil com o Brics e o apoio do bloco à criação de alternativas ao dólar no comércio internacional. Trump vê o Brics como instrumento de “políticas antiamericanas” e ameaça tarifar qualquer país que o apoie.

Crise com DNA ideológico
O gesto de Trump escancara uma nova fase da relação Brasil-EUA, marcada não por interesses comerciais objetivos, mas por alinhamentos ideológicos e disputas internas exportadas para o cenário internacional. A carta, que mistura queixas judiciais, críticas ao STF e ameaças tarifárias, é exemplo disso. Para analistas, Trump projeta no Brasil a mesma retórica que usa para mobilizar sua base eleitoral.

A escalada evidencia que o governo brasileiro subestimou o risco de virar alvo da política externa personalista e beligerante de Trump, agora de volta à Casa Branca. Ao colocar o Brasil no centro de sua guerra ideológica, Trump não apenas agrava a tensão bilateral, mas também testa os limites da diplomacia brasileira diante de um cenário internacional cada vez mais polarizado.

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