Agitando bandeiras e segurando fotografias do conflito, ucranianos se reuniram em frente à embaixada brasileira em Lisboa, nesta sexta-feira (21)
Por Rogério Cirino
Ucranianos tomaram a frente da embaixada do Brasil em Lisboa para protestar contra comentários recentes sobre a guerra na Ucrânia feitos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O protesto foi motivado pela visita oficial de cinco dias de Lula em Portugal, onde ele sugeriu que tanto a Ucrânia quanto a Rússia eram culpados pelo conflito, que começou em fevereiro de 2022, quando Moscou invadiu seu vizinho.
Lula causou polêmica nos EUA e na Europa ao pedir que os Estados Unidos e os aliados europeus parassem de fornecer armas à Ucrânia, argumentando que estavam prolongando a guerra. Embora tenha abrandado sua retórica nos últimos dias, condenando a violação da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia e pedindo uma mediação para acabar com o conflito, o governo ucraniano criticou a atitude por tratar a “vítima e o agressor” da mesma forma.
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Durante o protesto em Lisboa, a refugiada ucraniana Yana Kolomiiets, que está em Portugal há quatro meses, expressou sua insatisfação com os comentários de Lula, dizendo que se sentiu “terrível” ao ouvi-los. Os manifestantes seguravam cartazes que diziam: “A Rússia é um estado terrorista” e “Pare de matar nossos filhos”. O presidente da Associação Ucraniana de Portugal, Pavlo Sadokha, entregou uma carta à embaixada brasileira para expressar o descontentamento dos ucranianos.
Embora duas autoridades brasileiras tenham aconselhado Lula a evitar críticas ao papel ocidental na Guerra da Ucrânia durante sua visita a Portugal, ele se encontrará com o presidente e o primeiro-ministro português no sábado (22). Na terça-feira (18), a Ucrânia convidou Lula para uma visita, um dia depois do presidente se encontrar com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em Brasília. O assessor de política externa de Lula, Celso Amorim, irá em uma data ainda não definida.