Pessoas com problemas de saúde devem ser imunizadas após conclusão do grupo de idosos no RS
Nas próximas semanas, assim que terminar de vacinar os idosos, o Rio Grande do Sul dará início a uma nova etapa do programa de imunização contra o coronavírus que inclui o grupo mais numeroso entre aqueles considerados prioritários: cerca de 1,150 milhão de pessoas com algum tipo de comorbidade.
O Plano Estadual de Vacinação já detalhou 22 categorias de problemas crônicos de saúde (veja lista completa abaixo) que garantem lugar à frente na fila como diabetes, complicações cardíacas, pulmonares ou obesidade mórbida, entre outros. Para comprovar essas condições, o governo estadual recomenda aos municípios exigir documentos como laudo médico, exames e prescrição, ou utilizar um eventual cadastro do paciente nas unidades de saúde.
— O primeiro documento a ser utilizado seria um laudo, no qual o médico diz que, conforme exames demonstrativos e prescrição, (o paciente) tem uma determinada patologia. Que é, por exemplo, cardiopata ou diabético. O receituário médico pode ser usado junto com o laudo para comprovar a comorbidade — orienta o presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Estado (Cosems/RS), Maicon Lemos).
O Estado contempla, neste momento, forças de segurança e a última faixa de idosos — de 60 a 65 anos. Como não há doses para completar a imunização de todo o grupo do critério de idade de forma imediata, as aplicações são feitas em ordem regressiva. Já foi iniciada a vacinação de quem tem 63 anos ou mais e, nos próximos dias, municípios como Porto Alegre vão convocar aqueles com 62, até abranger todos os sexagenários.
Encerrada essa fase, conforme a Secretaria Estadual da Saúde (SES), deverá ser a vez dos pacientes com doenças crônicas (salvo antecipação de alguma outra classe como trabalhadores da educação). Serão atendidos somente os maiores de 18 anos, idade mínima para uso das vacinas disponíveis atualmente no Brasil.
Conforme nota remetida pela SES, a intenção é de que as pessoas com comorbidades sejam chamadas também de acordo com a pirâmide etária dos mais velhos para os mais jovens: “Essa definição depende de orientação do Ministério da Saúde (MS) e dos quantitativos de doses enviadas ao Estado destinadas a este público prioritário, mas existe uma tendência de que seja por idade”.
Assim, seriam visados primeiro aqueles com 59 anos (uma vez que as pessoas acima disso, em tese, já teriam sido atendidas), depois com 58 e assim por diante. As definições oficiais, porém, serão divulgadas após novas rodadas de discussão. A nota da SES complementa: “Posteriormente, e a partir das recomendações do MS, é realizada reunião com os municípios, representados pelo Conselho das Secretarias Municipais de Saúde (Cosems), e a SES, que pactuam quem será vacinado fazendo a estratificação a partir dos grupos prioritários”. Ou seja, somente a partir dessa deliberação conjunta serão divulgadas em detalhes as novas regras de imunização.
O universo superior a 1 milhão de pessoas com comorbidade é a categoria mais numerosa entre as prioritárias de vacinação. Como os idosos são divididos em diferentes faixas e datas de aplicação, os gaúchos entre 60 e 64 anos formam o segundo grupo mais extenso, com 644 mil indivíduos.
Todas as formas de prioridade, que incluem ainda classes profissionais como trabalhadores de educação, saúde e segurança, somam 5 milhões de pessoas. Até o começo da tarde desta terça-feira (13), já haviam recebido a primeira dose da CoronaVac ou da AstraZeneca o equivalente a 34,8% dessa população específica — ou 15,6% dos gaúchos em geral.
Confira, a seguir, um resumo do que se sabe até o momento sobre como deverá funcionar a vacinação por comorbidade no Estado — uma das questões mais enviadas por leitores via redes sociais para GZH nos últimos dias.
Como será a vacinação das pessoas com comorbidade
Quando vai começar
O Estado ainda não tem uma definição. Depende da frequência e do volume de novas remessas de vacinas pelo Ministério da Saúde. Deverá começar logo depois que for encerrada a imunização dos idosos com 60 anos ou mais, nas próximas semanas.
Como comprovar a comorbidade
A mais recente atualização do Plano Estadual de Vacinação incluiu uma orientação aos municípios, responsáveis por aplicar as vacinas, para que exijam “documento que demonstre pertencer a um destes grupos de risco (exames, receitas, relatório médico, prescrição médica etc.)”. O Cosems/RS destaca a importância de apresentar laudo assinado por médico atestando a condição. Mas também poderão ser utilizados “cadastros já existentes dentro das Unidades de Saúde”, quando a pessoa já é atendida e acompanhada pela rede pública.
Quais as comorbidades previstas
A lista a seguir traz definições resumidas para 22 categorias. A íntegra pode ser consultada no Plano Estadual de Vacinação. Algumas definições envolvem conceitos técnicos que podem ser esclarecidos diretamente com seu médico.
Diabetes: pessoas com diabetes mellitus
Pneumopatias crônicas graves: inclui doença pulmonar obstrutiva crônica, fibrose cística, fibroses pulmonares, pneumoconioses, displasia broncopulmonar e asma grave (uso recorrente de corticoides sistêmicos ou internação prévia por crise asmática).
Hipertensão Arterial Resistente (HAR): quando a pressão arterial permanece acima das metas recomendadas com o uso de três ou mais anti-hipertensivos de diferentes classes, em doses máximas preconizadas e toleradas, administradas com frequência, dosagem apropriada e comprovada adesão ou pressão arterial controlada com uso de quatro ou mais anti-hipertensivos.
Hipertensão arterial estágio 3: pressão arterial sistólica igual ou maior a 180 e/ou diastólica igual ou superior a 110, independentemente da presença de lesão em órgão-alvo (cérebro, coração, vasos sanguíneos, olhos, rins) ou comorbidade.
Hipertensão arterial estágios 1 e 2: com lesão em órgão-alvo (cérebro, coração, vasos sanguíneos, olhos, rins) e/ou comorbidade. Pressão sistólica entre 140 e 179 e/ou diastólica entre 90 e 109 na presença de lesão em órgão-alvo e/ou comorbidade.
Insuficiência cardíaca: insuficiência com fração de ejeção (capacidade de bombeamento do coração) reduzida, intermediária ou preservada; em estágios B, C ou D, independentemente de classe funcional da New York Heart Association.
Cor-pulmonale e Hipertensão pulmonar: cor-pulmonale crônico (problema no ventrículo direito que resulta em distúrbio pulmonar), hipertensão pulmonar primária ou secundária.
Cardiopatia hipertensiva: hipertrofia ventricular esquerda ou dilatação, sobrecarga atrial e ventricular, disfunção diastólica e/ou sistólica, lesões em outros órgãos-alvo (cérebro, coração, vasos sanguíneos, olhos, rins).
Síndromes coronarianas: síndromes crônicas como Angina Pectoris (estreitamento das artérias que levam sangue ao coração) estável, cardiopatia isquêmica, pós-infarto agudo do miocárdio, entre outras.
Valvopatias: lesões de válvula cardíaca com repercussão na circulação do sangue, sintomática ou com comprometimento miocárdico.
Miocardiopatias e pericardiopatias: de quaisquer causas ou fenótipos; pericardite crônica; cardiopatia reumática.
Doenças da aorta, dos grandes vasos e fístulas arteriovenosas: aneurismas, dissecções, hematomas da aorta e demais grandes vasos.
Arritmias cardíacas: com relevância clínica e/ou cardiopatia associada.
Cardiopatia congênita no adulto: com repercussão na circulação do sangue, crises hipoxêmicas (pouco oxigenação), insuficiência cardíaca, arritmias, comprometimento miocárdico.
Próteses valvares e dispositivos cardíacos implantados: portadores de próteses de válvula biológicas ou mecânicas; dispositivos cardíacos implantados (marcapasso, cardiodesfibrilador, ressincronizador, assistência circulatória de média ou longa permanência).
Doença cerebrovascular: acidente vascular cerebral isquêmico ou hemorrágico; ataque isquêmico transitório; demência vascular.
Doença renal crônica: estágio 3 ou mais e/ou síndrome nefrótica (conjunto de sinais que caracterizam uma doença renal e evolução crônica).
Imunossuprimidos: transplantados de órgão sólido ou de medula óssea; pessoas vivendo com HIV; doenças reumáticas imunomediadas sistêmicas em atividade e em uso de dose de prednisona ou equivalente superior a 10 mg ao dia ou recebendo pulsoterapia com corticoide e/ou ciclofosfamida; demais indivíduos em uso de imunossupressores ou com imunodeficiências primárias; pacientes oncológicos que realizaram tratamento quimioterápico ou radioterápico nos últimos seis meses; neoplasias hematológicas.
Anemia falciforme: todas as pessoas com a doença.
Obesidade mórbida: índice de massa corpórea (IMC) igual ou superior a 40.
Síndrome de down: trissomia do cromossomo 21.
Cirrose hepática: Child-Pugh (tipo de escore de classificação) A, B ou C.
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Fonte: GZH