Mulher de Lula se pronunciou após questionamento sobre tarifas dos EUA ao Brasil; governo diz que fala era dirigida a bolsonaristas, não a jornalistas
A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, protagonizou um momento controverso nesta quarta-feira (9) ao reagir com a frase “cadê meus vira-latas” após jornalistas questionarem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a nova ameaça de tarifas impostas pelo governo Donald Trump contra produtos brasileiros. O episódio ocorreu durante a despedida de Lula e Janja do presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, após um almoço oficial no Palácio do Itamaraty.
A fala, gravada em vídeo e rapidamente repercutida nas redes sociais, gerou críticas e especulações sobre a quem a primeira-dama se referia. A pergunta dos jornalistas dizia respeito à postura que o governo brasileiro tomaria frente às promessas de Trump de aplicar uma tarifa de 10% a todos os produtos brasileiros, em meio a acusações de que o Brasil estaria alinhado a “políticas antiamericanas” do Brics.
Diante da repercussão, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) e a própria assessoria de Janja emitiram notas para esclarecer a situação. Ambos afirmaram que o termo “vira-latas” não se dirigia aos jornalistas presentes, mas sim a “bolsonaristas que estão traindo os interesses e a soberania do Brasil”.
Governo tenta conter desgaste
O ministro da Secom, Sidônio Palmeira, reforçou que a fala de Janja teria sido uma crítica aos opositores do governo que, segundo ele, estariam atuando de forma colaborativa com o governo Trump para enfraquecer a posição brasileira. “O que ela me falou é que era em relação aos bolsonaristas”, disse Palmeira à coluna do jornalista Igor Gadelha, do Metrópoles.
Mesmo assim, o episódio causou constrangimento e ruído na cobertura do encontro internacional, uma vez que a fala ocorreu no exato momento de uma pergunta jornalística sobre um tema delicado da política externa.
Tensões entre Brasil e EUA crescem
A reação da primeira-dama ocorre em um momento de crescente tensão diplomática entre o Brasil e os Estados Unidos. Trump tem endurecido o discurso contra os países membros do Brics, afirmando que qualquer nação que se alinhe a políticas do bloco será sobretaxada com tarifas adicionais. “O Brasil, por exemplo, não tem sido bom para nós, nada bom”, disse Trump. Ele prometeu divulgar novas medidas contra o Brasil até esta quinta-feira (10).
As tarifas seriam parte de uma nova doutrina comercial ultranacionalista liderada por Trump, que inclui taxações escalonadas: 10% para América Latina, 20% para Europa e até 100% para produtos vindos da China.
Janja, símbolo e alvo político
A figura de Janja tem se tornado recorrente no debate político nacional, tanto como símbolo de engajamento social do governo quanto como alvo de opositores. O uso do termo “vira-latas” foi rapidamente associado por críticos ao complexo de inferioridade nacional, expressão usada historicamente para designar brasileiros que desprezam o próprio país em comparação a nações estrangeiras. No entanto, Janja e seu entorno atribuíram outro significado à frase, classificando-a como uma crítica direta aos opositores do presidente Lula.
Imprensa e oposição cobram explicações
Jornalistas presentes no local expressaram desconforto com a fala, vista por alguns como desrespeitosa no contexto em que foi dita. Parlamentares da oposição também reagiram e cobraram um pedido público de desculpas da primeira-dama, afirmando que a fala demonstra despreparo e hostilidade à liberdade de imprensa.
A assessoria de Janja não sinalizou retratação, apenas reforçou que a fala foi mal interpretada.
O caso segue repercutindo nas redes sociais e no meio político, agravando o já tenso cenário de relações diplomáticas e o desgaste da imagem do governo frente à opinião pública.
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