Americanos identificam local de lançamento de novo míssil russo

Ministério da Defesa da Rússia

Arma apelidada de “invencível” por Putin enfrenta críticas e dúvidas sobre sua eficácia e segurança, enquanto cresce a preocupação global

Pesquisadores dos Estados Unidos identificaram o que acreditam ser o local de lançamento do Burevestnik, um novo míssil de cruzeiro com propulsão nuclear da Rússia, que o presidente Vladimir Putin descreveu como “invencível”. Esse míssil, também conhecido como SSC-X-9 Skyfall pela Otan, é apontado por Moscou como uma arma com alcance quase ilimitado e capaz de escapar das defesas antimísseis dos EUA. No entanto, especialistas ocidentais questionam essas alegações, destacando o histórico problemático dos testes e os riscos ambientais associados ao Burevestnik.

A descoberta foi feita a partir de imagens de satélite capturadas em julho pela Planet Labs, uma empresa de satélites comerciais. Decker Eveleth, analista da CNA, junto com o especialista Jeffery Lewis, do Instituto Middlebury de Estudos Internacionais, identificaram uma instalação militar a 475 km ao norte de Moscou, conhecida como Vologda-20 ou Chebsara, como o possível local de implantação do míssil. As imagens revelaram nove plataformas de lançamento em construção, cercadas por bermas protetoras e conectadas a bunkers de armazenamento de ogivas nucleares.

A identificação desse local sugere que a Rússia está avançando com a implantação do Burevestnik, apesar de seu histórico de testes problemáticos. Desde 2016, a arma passou por pelo menos 13 testes, com apenas dois sucessos parciais, e já causou um acidente fatal em 2019, quando um reator nuclear desprotegido explodiu durante uma recuperação malfeita no Mar Branco.

Especialistas, incluindo Hans Kristensen da Federação de Cientistas Americanos, levantam dúvidas sobre o valor estratégico do Burevestnik. Embora tenha um alcance potencial de 23 mil km, sua velocidade subsônica o torna vulnerável à detecção e interceptação. Além disso, seu motor nuclear representa um risco significativo de contaminação radioativa, tanto para a Rússia quanto para outras nações, em caso de acidente.

A implantação do Burevestnik ocorre em um contexto de crescente tensão entre a Rússia e o Ocidente, especialmente devido à guerra na Ucrânia. Com o tratado New START, que limita as armas nucleares estratégicas, expirando em 2026, a identificação deste míssil como uma “arma política” por parte de Putin sugere que Moscou pode usá-lo como moeda de troca em futuras negociações nucleares.

Enquanto a Otan e os Estados Unidos monitoram de perto esses desenvolvimentos, as preocupações sobre uma nova corrida armamentista nuclear se intensificam, especialmente à medida que as relações entre Washington e Moscou continuam a se deteriorar. O Burevestnik, com seu histórico de falhas e riscos, pode se tornar mais um elemento desestabilizador em um cenário global já marcado por incertezas e confrontos crescentes.

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