Anderson Torres tenta driblar deputados distritais na CPI da CLDF

Crédito | Carlos Gandra, CLDF

O ex-secretário de Segurança do DF, preso desde 14 de janeiro, pediu para ficar em silêncio na CPI da Câmara Legislativa. Também tenta uma decisão judicial para não comparecer. Deputados avaliam de forma negativa a postura do delegado

Na próxima quinta-feira, está previsto o depoimento do ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres,na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos — instalada pela Câmara Legislativa (CLDF). Na semana passada, o delegado federal Fernando Oliveira esteve com os deputados distritais prestando esclarecimentos. Ele foi o 02 de Torres na secretaria.

Já Anderson Torres não quer falar. Pediu para ficar em silêncio. Em resposta a uma intimação do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-secretário — preso desde 14 de janeiro no 4º Batalhão da Polícia Militar (PMDF), no Guará — também solicitou que não seja obrigado a comparecer à CPI. A justificativa é que ele já foi ouvido pela Polícia Federal, e que o processo,no Supremo, não está em segredo de Justiça. Por isso, a defesa alega que todas as informações podem ser consultadas pelos deputados distritais.

Presidente da CPI, o deputado Chico Vigilante (PT), ressaltou que Anderson Torres está convocado para a oitiva e disse não acreditar que o STF vá liberá-lo do comparecimento. “Sobre ficar calado, é um direito dele, mas isso só vai mostrar que tem algo a esconder. Até porque quem não deve, não teme”, avalia. “O mais correto seria ele comparecer e falar tudo, até porque tem muito a dizer”, afirma o distrital. “Ele é policial, foi ministro (da Justiça), secretário e pode explicar como chegamos àquele ponto, em que viajou e não passou o cargo para o secretário-executivo. Ou seja, no fim de semana das invasões, não tínhamos ninguém no comando”, complementa o presidente da CPI.

Outro que vê de forma negativa os pedidos do ex-secretário preso é o relator da comissão, deputado Hermeto (MDB). Para ele, caso Torres insista com isso, vai “sair perdendo”. “Mesmo que tenha alegado que o depoimento dele está na Polícia Federal e é público, na CPI teria a chance de argumentar diante dos deputados e mostrar ao vivo a sua defesa. Acredito que é ruim para ele”, avalia. “A Comissão seria a oportunidade de dar a sua versão diante da população, diferente de um depoimento dentro de quatro paredes. Então, acredito que ele perde fazendo isso”, reforça Hermeto.

Mesmo assim, caso o ex-secretário não preste depoimento, a comissão tem estratégias definidas para que isso não prejudique o andamento das investigações. “Se realmente decidir não falar, vamos pegar o depoimento dele na Polícia Federal. Vamos requisitá-lo e analisá-lo para colocar no relatório”, pontua o relator da comissão.

Coronéis

O calendário da CPI para março está fechado. Os integrantes da comissão ainda pretendem ouvir dois coronéis da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF): Jorge Eduardo Naime e Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues. Eles são ex-comandantes e estavam na Esplanada dos Ministérios em 8 de janeiro. A oitiva deles está marcada para ocorrer em 16 de março.

O ex-secretário da SSP-DF delegado Júlio Danilo deve ser ouvido pelos distritais no dia 23, assim como o tenente-coronel da PMDF Jorge Henrique da Silva Pinto. Em 30 de março, será a vez do ex-comandante geral e coronel da corporação Fábio Augusto Vieira.

Após a oitiva de todos os depoentes nessa primeira fase, existe a expectativa de serem lidos outros itens para discussão e ocorrer votação sobre a convocação de mais envolvidos. Entre eles, estão os participantes da tentativa de atentado com bomba na véspera de Natal, no Aeroporto de Brasília; e do ex-interventor federal da segurança pública do DF, Ricardo Cappelli.

Por Arthur de Souza e Pablo Giovanni, Correio Braziliense
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