Chile pode eleger presidente mais à direita desde Pinochet

Favorito no segundo turno, José Antonio Kast lidera pesquisas e reacende debate sobre o legado da ditadura militar em um país politicamente dividido

O Chile se prepara para um segundo turno presidencial marcado por forte polarização ideológica. O candidato José Antonio Kast, do Partido Republicano, lidera as pesquisas e pode se tornar o presidente mais à direita desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet (1973–1990).

Impulsionado pelo discurso de segurança pública e combate à criminalidade, Kast aparece com projeções entre 55% e 60% das intenções de voto. Caso confirme a vitória, assumirá o governo em meio a um debate reaberto sobre memória histórica, justiça de transição e direitos humanos.

A relação do candidato com o período ditatorial voltou ao centro da campanha após Kast defender a revisão de penas impostas a condenados por violações de direitos humanos cometidas durante o regime militar, especialmente no caso de policiais idosos ou com doenças graves. Ele já admitiu, no passado, ter apoiado a permanência de Pinochet no poder no plebiscito de 1988.

No primeiro turno, Kast e sua adversária, Jeannette Jara, empataram tecnicamente com cerca de 25% dos votos cada. A migração da maior parte do eleitorado conservador favoreceu Kast, enquanto o terceiro colocado, Franco Parisi, orientou seus apoiadores a votar em branco.

Apesar de cerca de 20% do eleitorado ainda se declarar indeciso, analistas consideram improvável uma reversão do cenário. A disputa ocorre em um contexto de voto obrigatório, o que amplia a incerteza sobre o comportamento do eleitorado.

A agenda de Kast inclui propostas duras, como maior presença militar em áreas consideradas críticas, reforço no controle das fronteiras e ações mais rígidas contra a imigração irregular. Críticos veem semelhanças com políticas adotadas durante o regime militar.

Mesmo em caso de vitória, o candidato enfrentará um Congresso fragmentado, com equilíbrio entre forças de direita e esquerda, o que deve impor limites institucionais à implementação de medidas mais radicais.


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