Ideia é levar uma carta do CEO da empresa ao ministro Carlos Fávaro; empresa não conseguiu agendar encontro com chefe da pasta da Agricultura
FONTE: ESTADAO
Preocupados com a instalação de uma crise política, diplomática e de abastecimento, o Grupo Carrefour preparou dois pedidos de desculpas assinados plo CEO global da empresa, Alexandre Bompard.
Foi ele quem prometeu, na semana passada, manter a carne brasileira longe das prateleiras da rede na França, sede da rede supermercadista.
A ideia é que um dos pedidos de desculpa seja publicado em forma de comunicado ao mercado e aos brasileiros. E que o outro seja entregue pessoalmente ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD).
Marcar um encontro entre ambos, no entanto, ainda não foi possível. Segundo fontes que tentam mediar o conflito, o ministro não disponibilizou um horário para atender os interlocutores franceses.
A ponte entre o grupo de supermercados e o governo brasileiro é o embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, como adiantou a analista Juliana Lopes.
Neste momento executivos do Carrefour estão fazendo contas. A rede sabe que o estoque de carne nos refrigeradores só dura cerca de dez dias.
A leitura dentro da empresa é que a crise escalou de maneira inesperada nos últimos dias, com o que tem sido chamado de “boicote do boicote”.
Empresas como JBS, dona da Friboi, e Masterboi pararam de entregar carne nas unidades do Carrefour, do Atacadão e do Sam’s Club, as três bandeiras do grupo em atuação no Brasil.
Os pedidos de desculpa, assinados pelo próprio Bompard, devem afirmar que em nenhum momento a intenção havia sido de questionar a qualidade do agro brasileiro e que a forma como a declaração foi dada foi equivocada.
A fala do executivo francês surgiu em meio à resistência dos agricultores franceses com o acordo Mercosul-União Europeia pelos eventuais impactos que poderia provocar no fornecimento local de carnes.
Para além disso, a rede é a maior compradora de arroz do país – de acordo com estatísticas internas – e fornece um quinto dos produtos de grande consumo para a população brasileira.
Em muitos estados, o Atacadão, filial para cash and carry, acaba sendo regulador de preço. Sem carne, mercados menores poderiam aumentar o valor da carne, provocando inflação.