Gerson Camarotti e Demétrio Magnoli batem boca na GloboNews sobre restrição à Covid-19

Os comentaristas Gerson Camarotti e Demétrio Magnoli se desentenderam ao falar sobre as aglomerações - Foto: Reprodução/Globonews

“Não existe só uma ciência chamada epidemiologia (…) Existe uma outra ciência chamada sociologia e uma outra chamada antropologia.”, rebateu Magnoli ao colega Gerson Camarotti.

A discussão aconteceu ao vivo no programa GloboNews Em Pauta. Os comentaristas Gerson Camarotti, jornalista do canal pago, e Demétrio Magnoli, sociólogo, se desentenderam ao falar sobre as aglomerações que foram registradas nos últimos dias em praias badaladas do litoral brasileiro.

“Tem milhões de pessoas que foram para as praias populares de São Paulo depois de passarem o ano inteiro se aglomerando porque tinham que se aglomerar para trabalhar nos setores essenciais”, argumentou Magnoli. “Eu quero perguntar para o Camarotti: você diria que ele é execrável depois de passar um ano inteiro se aglomerando nos trens para trabalhar em setores essenciais porque ele agora se aglomerou na Praia Grande?”

“Você que está colocando essa palavra, Demétrio”, respondeu o jornalista. “Você que tem que responder a essa pergunta.

Você tem a recomendação da ciência. E a ciência tem que ser para todos. Lógico que tem que ser para todos, Demétrio. Você é que tem que responder. Bota a palavra na tua boca e responda como você achar melhor. Agora, a ciência tem que ser seguida. Não dá para ter exceção. É compreensível a situação social do país, você sabe disso, eu sei disso, conheço bem essa realidade, é preciso levar isso em consideração, mas uma coisa é trabalho e sobrevivência, outra coisa é festividade. É preciso ter bom senso também, Demétrio.”, disse Camarotti.

“Não existe só uma ciência chamada epidemiologia”, rebateu Demétrio, “Existe uma outra ciência chamada sociologia e uma outra chamada antropologia.”

A apresentadora Cecilia Flesch tentou intervir. “Infelizmente não somos nós que vamos resolver esse dilema aqui”, disse.

Porém, foi cortada pelo colega que estava exaltado. “Contaminação tem que ser a epidemiologia, sim”, disse ele, que participava ao vivo de Brasília. “A gente está aqui o ano inteiro trazendo especialistas, conversando…”

Flesch pediu de novo a palavra e trocou de assunto rapidamente. “Vamos falar do que realmente, efetivamente, a gente pode ajudar a resolver esse dilema”, disse. Em seguida, pediu a opinião de Jorge Pontual, que estava em Nova York, sobre outra questão, e desconversou.

É, pelo jeito nem mais dentro da Globo a hipocrisia se sustenta, e o sociólogo ainda poderia ter lembrado o colega sobre o jornalismo: a arte de falar de tudo sem saber de nada.

Matéria original: Folha de Pernambuco

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